As desgraças de alguns são oportunidades para outros. Quando o plano de dinamização da Doca da Marinha foi oficialmente apresentado, a 10 de janeiro em 2023, os holofotes voltaram-se para o restaurante. A estrutura envidraçada, que se erguia mesmo em cima ao rio, prometia ser o local de eleição de todos os lisboetas.
O espaço foi ocupado pelo Anfíbio, liderado por Miguel Rocha Vieira, mas num par de meses fechou. Olivier da Costa viu uma janela aberta para o negócio e não hesitou. O ÀCosta, o novo restaurante do chef lisboeta, foi inaugurado esta terça-feira, 4 de junho.
“Houve uma oportunidade de negócio. Os donos convidaram-me a fazer parte de um projeto que eu lhes tinha proposto. Mas achei que o conceito não era ideal e acabei por fazer outra proposta. Em poucos meses abrimos o ÀCosta”, conta o cozinheiro de 48 anos, proprietário do Guilty, do KOB, do Yakuza e do Seen.
A vista desafogada para o Tejo serviu de inspiração para a carta. Peixe e marisco são os grandes protagonistas do novo restaurante. “Juntei o lingueirão, o berbigão, a amêijoa, o camarão-tigre e os carabineiros ao meu já famoso arroz negro e criei uma carta muito portuguesa”, diz.
O menu junta propostas da cozinha tradicional portuguesa e receitas da família de Olivier da Costa. “A nossa relação sempre foi de mesa. Aprendi muito com o meu pai, com o meu tio e os meus avós. A carta é uma homenagem a eles”, explica.
O carpaccio de peixe-branco (19€), a mousse (9€) e os carabineiros com alho e louro foram pratos que aprendeu a confecionar em miúdo com eles. Agora resgatou as receita para o novo restaurante.
“O bacalhau à Michel, servido às lascas dentro do pão com feijão-verde, cebola e pilo-pilo [pele do peixe cozida com leite], aprendi com o meu pai e decidi incluir nesta ementa que tem um pouco da cozinha portuguesa, um bocado de mim e desta vista”, acrescenta.
No ÀCosta há ainda sapateira recheada (24€), navalha grelhada (22€), amêijoas à Bulhão Pato (28€). Nos petiscos encontra o prego de lagosta (32€), rissóis de pescada e berbigão com arroz de tomate (23€). Nós mais compostos há gamberini de camarão (62€) e filetes de peixe-galo com arroz de tomate (23€).
Mas calma, não é tudo sobre peixe. Para os que não são fãs há pica-pau de lombo (35€), presa de porco preto (27€), o Bife àCosta (37€) e carne de porco à alentejana (33€). Para doces da casa trouxe uma combinação com bolacha Maria, doce de ovos e gelado de iogurte grego (9€) e o pão de ló de Ovar (9€).
No final do verão tudo pode mudar. “As minhas cartas nunca são fixas. Todos os dias há uma ideia nova e a sazonalidade também tem impacto. No inverno não dá tanta vontade de comer peixe grelhado, se calhar é preferível no forno. Estou a pensar em criar as semanas do cabrito, semanas do bacalhau, pratos cozidos à portuguesa, vamos tentar e pescar um bocadinho de tudo desde que seja mais português”, conta.
Do bar com um Poseidon sentado no centro saem cocktails pensados pela Larissa, a chefe de bar do Yakuza. “Não bebo álcool, por isso, entreguei-lhe o poder para que criasse o que quisesse, apenas com a nota para que apostasse em bebidas portuguesas. Mas não faltam os clássicos como o Negroni e Moscow Mule”, detalha Olivier da Costa, sem desvendar muito para que os clientes possam ir provar as novidades.
O deus do mar está acompanhado por sereias e outras figuras mitológicas, colocadas tanto no interior do restaurante, como na esplanada. A decoração foi pensada pelo chef, que adora ficar encarregue da tarefa. “As ideias normalmente são sempre minhas e depois conto com uma equipa para a concretizar. Desta vez escolhi o bar como o coração do restaurante e daí surgiu o resto. A localização também ajudou. Tem uma parte cosmopolita que era importante para Lisboa e a parte do mar.” O restaurante tem espaço para 120 lugares, divididos entre a esplanada e o interior.
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