Do Largo Barão de Quintela saíram carros de bombeiros anos a fio. Ali, a meio da Rua do Alecrim, em Lisboa, funcionava o quartel da corporação de voluntários mais antiga do País. Desde terça-feira, 4 de junho, passaram a sair cocktails criados pela equipa do Red Frog, na Praça da Alegria.
O bar 18.68 nasceu em 2022, no edifício do Bairro Alto Hotel. Porém, no início deste ano fechou. “Em 2019 fomos contactados para fazer uma consultoria do bar, quando ainda era com o chef Nuno Mendes. Mal entrámos ficamos com a ideia atrás da orelha. Mas depois entrou a pandemia e passámos por uma fase incerta em que não podíamos pensar em novos projetos”, explica à NiT Emanuel Minez de 43 anos.
Quando perceberam que o espaço tinha fechado, não viraram as costas. “Entrámos logo em contacto com a administração do Bairro Alto Boutique Hotel, para apresentarmos a nossa ideia de torná-lo num portuguese aperitive. Correu bem.”
Um das primeiras coisas que os atraiu no espaço foi a decoração ao estilo dos anos 60, onde o contraste dos mármores e das madeiras escuras saltavam à vista. “A elegância era inacreditável. Mas tinha algumas funcionalidades desajustadas, como os clientes estarem de trás para o balcão. Mudámos apenas isso e criámos uma carta específica e adequado à localização e ao conceito que queríamos implementar.”
A localização e as características do bar inspiraram Gomes e Minez a apostar num conceito diferente do Red Frog e do Monkey Mash. “É muito elegante. Cortámos a luz para conceder alguma privacidade e glamour, que era fundamental para o conceito que queríamos. O 18.68 foi pensado para tomar um aperitivo ao final da tarde ou depois das refeições. Era algo que sabíamos que aqui poderia funcionar”, referem.
O bar tem apenas um par de dias, mas a aposta já se mostrou ter sido a mais acertada. “Começámos logo com a casa cheia, muito devido ao soft opening que fizemos durante o evento Lisbon Show Bar”, refere. A curiosidade sobre o que a dupla tinha preparado foi um dos motivos que levaram muitos lisboetas a espreitá-lo.
A carta foi pensada para ser completamente diferente dos speakeasys que têm a dois passos da Avenida da Liberdade. “Permitimos que as pessoas façam provas e tenham uma experiência mais completa. Recuperámos os clássicos, demos-lhe um toque portugalidade com vinho do Porto e vinho da Madeira e criámos os flyghts, que não são mais do que uma série de quatro cocktails servidos com a mesma base, mas com diferentes combinações”, explica Minez.
Martinis e negronis foram as bebidas escolhidas para este segmento de provas que incluíram no 18.68. Custam entre 20€ e 24€ e são ideais para os clientes que adoram experimentar quatro bebidas. Mas calma, a ideia “não saírem é de gatas”. “Os flights são servidos numa dose menor, ao ritmo do cliente, até porque devem estar sempre bem frescos”, realça o proprietário e entusiasta da cocktelaria.
Como o objetivo é ser a morada dos copos no final do trabalho precisavam de ter comida. “Temos alguns petiscos pensados para acompanhar a nossa lista de bebidas.” Tábua de queijos e enchidos (25€), tremoços marinados (4€), frutos secos (3€), presunto de porco preto com 24 meses de cura (15€) e queijo DOP Açores (10€) são algumas das opções para abrir o apetite e acomodar o estômago. Mas em breve querem desenvolver este lado e trazer mais propostas com sabores nacionais.
O nome tem causado muito curiosidade, por ser tão numérico. Mas tem uma explicação. Minez e Gomes decidiram manter a nomenclatura anterior, em homenagem ao ano de fundação da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, que ali morava “desde sempre”. O ponto entre os algarismos foi acrescentado para facilitar a leitura dos estrangeiros.
