Gourmet e Vinhos

Cabaz dos alimentos considerados essenciais atinge um novo valor recorde — quase 235€

O bacalhau, o café torrado moído e as massas são alguns dos produtos que registaram o maior aumento, revela a DECO Proteste.
Está cada vez mais difícil.

O preço do cabaz de bens alimentares considerados essenciais voltou a subir pela terceira semana consecutiva. Nos últimos dias aumentou 4,03€. Custa agora 234,84€, segundo as contas realizadas pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO Proteste), um novo recorde.

Apesar de a inflação ter abrandado para 8,2 por cento durante o mês de fevereiro, já a taxa de inflação dos produtos alimentares não transformados subiu, fixando-se em 20,09 por cento. É o valor mais elevado em 38 anos. Há nove meses que os preços dos alimentos estão nos dois dígitos.

Desde o início na guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022) o preço deste cabaz aumentou 51,21 euros, o que representa um acréscimo de 27,89 por cento. Peixe, carne, legumes, frutas, massas, arroz, azeite, óleo, ovos açúcar, leite, pão e farinha fazem parte da lista dos 63 alimentos considerados essenciais. Em três grandes cadeias de distribuição alimentar já foram registadas margens de lucro brutas acima dos 40 e 50 por cento em alguns destes produtos.

As cebolas, por exemplo, são dos vegetais onde esta margem é a mais elevada (50 por cento). Quanto aos ovos, laranjas, cenouras, e febras de porco, a percentagem ronda os 40 por cento. Em relação às conservas, azeite e couve coração a margem é entre 30 e 40 por cento. Já na dourada, açúcar e óleo pode chegar aos 30 por cento.

Os consumidores têm acompanhado de perto o agravamento dos preços e têm chegado à DECO inúmeras queixas de práticas ilegais das retalhistas, como os casos dos valores anunciados na prateleira serem inferiores aos registados no momento do pagamento.

Segundo a organização de defesa do consumidor, entre 8 e 15 de março, o bacalhau foi o produto que mais subiu de preço. A 8 de março um quilo de bacalhau custava 12,62€, mas esta quarta (15) marcava já os 14,49€. Contas feitas, trata-se de um aumento de 15 por cento em apenas uma semana. Segue-se o café torrado moído (subiu 14 por cento), as massas espirais (12 por cento), a perna de peru (dez por cento), o pão de forma sem côdea, o óleo alimentar vegetal, a pescada fresca (todos oito por cento), a cebola e o azeite (sete por cento) e o fiambre perna extra (seis por cento).

As frutas e legumes são os alimentos que mais têm aumentado desde o início da guerra na Ucrânia. Seguem-se a carne e os congelados, depois do peixe, da mercearia e dos lacticínios. Perante este cenário, o governo garantiu que irá apertar a vigilância sobre a evolução dos preços dos alimentos.

As principais cadeias de supermercados em Portugal estão, aliás, a ser alvo de escrutínio devido às acusações de “publicidade enganosa”, “práticas desleais” e “subidas de preços absurdas” e consequentes ações de fiscalização da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

O primeiro-ministro chamou a São Bento o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) para pedir explicações sobre esta situação. António Costa quis saber a justificação para os preços praticados e já estuda medidas para o caso de os retalhistas não reverem os preços em baixa próximas semanas.

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