Ao que parece, os portugueses estão loucos por açaí. Rico em antioxidantes, fibras, gorduras saudáveis e aminoácidos, é considerado um superalimento. É um fruto típico da Amazónia, especialmente do norte do Brasil, onde é consumido diariamente. O nome vem do tupi-guarani, idioma dos povos indígenas da região e significa “fruto que chora”.
A febre é tal que, em poucas horas, o Açaí do Bairro vendeu mais de 20 litros desta polpa cor de vinho. A aposta de Carla Mesquita e Sheyla Lima, que inauguraram a loja no Bairro Alto, esta segunda-feira, 8 de julho, foi ainda mais frutuosa que o previsto. Sabiam que existia uma lacuna na oferta deste tipo de espaços no Bairro Alto, mas não esperavam tanta procura.
“Esgotámos com o stock que tínhamos para os primeiros dias assim que abrimos. Foi uma loucura. Incrível, mesmo”, conta uma das proprietárias, Carla Mesquita, de 33 anos, à NiT. Além do famoso fruto brasileiro, os salgados da Dona Marlene, já conhecidos na zona, também fizeram sucesso.
Carla Mesquita nasceu, cresceu e sempre trabalhou no Bairro Alto, onde sentia a falta de opções de comida nas ruas históricas, principalmente quando os restaurantes estão fechados. “Sempre tive negócios aqui na zona e a falta de locais para comerciantes, moradores e turistas comerem, especialmente à noite, era um problema constante”, explica.
Em 2013, a lisboeta mudou-se para o Reino Unido em busca de melhores oportunidades de emprego. Ao chegar lá, procurou trabalho como empregada de mesa, algo em que sempre teve experiência. “Comecei por baixo, em restaurantes mais humildes. Porém, com o passar do tempo acabei por explorar o ramo e acabei por integrar as equipas de espaços mais requintados como os de Gordon Ramsay”, recorda.
Com o Brexit, em 2020, decidiu regressar à capital. Abriu o The Botanical Den, um restaurante com opções vegan, em fevereiro do mesmo ano, no bairro onde nasceu. No entanto, após a pandemia, vendeu o negócio na Rua da Atalaia e começou a focar-se na remodelação e aluguer de casas de turismo em Arganil, no distrito de Coimbra.
Porém, Carla nunca perdeu a vontade de investir naquela zona da capital. Tinha um espaço no número 75, também na Rua da Atalaia, que permanecia fechado, mas durante a pandemia, decidiu não arriscar abrir um novo negócio. Em 2024, em conversa com a amiga brasileira Sheyla Lima, de 57 anos, surgiu a ideia de apostar no açaí — e a localização era perfeita.
“Sempre que pensávamos num projeto para a loja, sabíamos que tinha de ser um conceito com snacks ou sobremesas, algo doce. O açaí era a resposta. Tanto pode ser servido como refeição, lanche ou sobremesa. O que escolhemos, da marca Fresh, é feito com cana-de-açúcar e, por isso, não é muito doce. Para que não se tornasse num negócio sazonal, trouxemos os salgados da Dona Marlene, que já vendia os produtos aos comerciantes da zona e que são um sucesso”, explica.
A escolha da matéria-prima demorou algumas semanas. Queriam um produto com a maior percentagem de polpa possível, sem corantes, conservantes ou açúcares refinados. Escolheram a Açaí Fresh, trazida da Amazónia para Portugal por um grupo de amigos, em 2016. “Garantir a qualidade do protagonista era fundamental, só depois pensámos nos toppings e na loja em si”, revela.
O espaço foi decorado de forma a transmitir aos clientes a sensação de estarem “numa pequena selva no centro de Lisboa”. No entanto, apenas tem capacidade para seis pessoas. O principal objetivo é servir em modo take-away, seja “para aqueles momentos em que a fome aperta ou só para satisfazer um desejo guloso”.
Os preços do açaí variam entre os 7,90€ (330 mililitros) e os 18,90€ (embalagens de um litro). Aos dois tamanhos pode acrescentar três ingredientes gratuitos: fruta, topping e molho. Pode acompanhar a bowl com uma dose de coxinhas, pão de queijo ou rissóis. Custam 2,20€ cada.
