Boa comida, bom tempo e muita segurança. Foram estes trunfos nacionais que aliciam os primos Yash Karia e Jeet Savjiani, dois moçambicanos que no início do ano decidiram mudar-se para Portugal para abrirem o seu bar de sonho. “Um género de clube de jazz, com cerveja artesanal e petiscos do mundo”, anunciam com orgulho. O Bar None abriu a 18 de setembro, na Rua da Esperança.
O nome adota a expressão inglesa para descrever algo que é algo excecional e inigualável. “Este é o nosso propósito. Queremos dar a melhor experiência, algo nunca antes visto, sem exceções, aos nossos clientes”, admite Savjiani à NiT .
Os primos têm uma história muito idêntica. Nasceram ambos em Moçambique, em Xai-Xai, e com 10 anos foram enviados para o norte da Índia, onde vivia grande parte da família, para estudarem. Yash acabou por formar-se marketing e quando concluiu a licenciatura decidiu voar para a África do Sul para tirar um curso de hotelaria. O moçambicano de 25 anos estava a trabalhar no The Oyster Box, de cinco estrelas, quando decidiu vir conhecer as origens da mãe e dos avós, que eram naturais de Portugal.
“Sempre ouvi maravilhas sobre Portugal e cheguei cá, em março de 2023, com o objetivo de investir. O facto de falar português e conhecer a cultura ajudou muito no processo de encontrar espaços. Procurei em Faro, no Porto e acabei por decidir-me por Lisboa”, conta.
Karia convenceu Savjiani a juntar-se a ele nesta aventura. O jovem de 23 anos aterrou na capital no início deste ano, após ter terminado um curso logística, graças a uma bolsa de futebol, na Universidade de Los Angeles, nos EUA. E foi por lá que também começou a ouvir falar da “capital portuguesa, que comparavam com a Los Angeles de antigamente”.
“Lesionei-me e percebi que por mais que adorasse o desporto, não era a carreira que queria seguir. A chegada da pandemia fez-me ver isso com clareza e comecei a procurar alternativas. Vários amigos meus eram donos de bares nos EUA e comecei a entrar nessa comunidade indiana que trabalhava na indústria. Aprendi muito e quando eu e o meu primo falamos sobre isto, sabíamos muito bem que tínhamos de fazer algo diferente, com qualidade”, refere.
A missão estava fechadao: “criar um híbrido entre um jazz club e um restaurante com uma vibre retro”. “Decidimos dividir o espaço em dois. De um lado temos uma tap room com cervejas em torneira e garrafa, de vários pontos do mundo, desde a Irlanda, à Ucrânia e aos EUA e do outro temos um cocktail bar. A nossa ideia era dedicarmo-nos à cerveja artesanal, de nicho, mas termos outras propostas também”, explicam.
Embora o conceito gire em torno da bebida, os sócios sabem que beber sem comer nunca é boa ideia. Por isso decidiram incluir pratos que fiquem bem com as propostas que já tinham e criaram três menus: o bites, pizza e brunch.
O primeiro é feito à base de petiscos como asas de frango (8€) servidas com molho caseiro e uma porção de batatas fritas, ou tacos de camarão (6€) e batatas fritas com guacamole (4,50€). O de pizzas foi pensado para quem gosta de ficar para jantar depois de beber um copo com os amigos. Os ingredientes utilizados são italianos, mas dentro das 11 opções há uma mais “portuguesa” — custa 17€ e é feita com molho de tomate, mozzarela, salame, pimentos, cogumelos, azeitonas pretas e ovos cozidos fatiados. A especial, que mereceu o nome da casa, custa 11€ e é recheada com azeite, mozzarella di buffala e mortadela.
O brunch tem opções que já se tornaram especialidade do None. Entre elas destaca-se a Niçoise (10€), uma versão da salada de atum de Nice, a Sanduíche de Jaca (13€), feita ao estilo do barbecue coreano, com picles e queijo vegan e o Egg Way (8€) com uma base de queijo feta, coberta com fatias de abacate, ovo cozido e azeite.
Para acompanhar há, claro, cerveja artesanal à pressão, com valores que variam entre os 3€ e 6€. Do outro lado do bar há cocktails clássicos. O espaço está decorado com mobília centenária que os sócios compraram em antigas quintas de Sintra. “Os móveis contam uma história, dão um aspeto confortável e nós queremos que o nosso bar também tenha a sua própria história”, conclui.
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