Quem agora vê Danyelle Sales a enrolar brigadeiros e a criar bolos com diferentes camadas, não sonha que há oito anos o seu sonho passava pelo desenho e criaçã de biquínis. Os tecidos e as linhas deram lugar às espátulas e aos recheios e agora, a brasileira exibe a sua arte na nova pastelaria que abriu em conjunto com o marido, a 13 de setembro. A Sweet Cakes fica em Braga e foi pensada para ser “um paraíso dos doces”.
Quem entra na loja da Rua da Devesa encontra um local onde tudo é colorido e, pelo menos no que toca ao aspeto, apetitoso — e não estamos a falar só dos bolos que na vitrine. As paredes cor de rosa e verde menta combinam com os sofás, néons e cadeiras na mesma cor e alimentam a ideia de que se entra numa sequela de “Charlie e a Fábrica de Chocolate”. Este era precisamente o objetivo inicial de Danyelle Sales e Alexsandro Silva quando decidiram abrir um espaço na cidade que os tinha recebido seis meses antes.
Naturais de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, no Brasil, viram em Portugal a oportunidade para construir uma vida em segurança, com melhores condições e bom tempo. “Pensámos em estabelecer-nos no Porto, mas Braga, de certa forma, escolheu-nos e acolheu-nos. Alguns conhecidos mostraram-nos a cidade e percebemos que era o local com a qualidade de vida, as pessoas e o ambiente que procurávamos”, conta a pasteleira de 27 anos à NiT.
Danyelle e Alexsandro não são estreantes neste mundo da pastelaria. No Brasil eram donos de dois espaços semelhantes, onde a pasteleira se dedicava a esta profissão surgiu de forma inesperada, após um dos momentos mais desafiantes na vida de ambos.
“Sempre adorei trabalhos manuais e ainda em miúdas comecei a fazer e a vender os meus próprios biquínis. Depois passei a comprar os tecidos e a desenhar os modelos e enviava para uma fábrica para os costurar. O negócio corria bem, até que uma costureira errou num pedido e 300 peças tiveram de ir para o lixo. Tínhamos investido o nosso dinheiro todo nessa produção e a empresa acabou por ir à falência”, conta.
Com contas para pagar, acabou por dedicar-se aos brigadeiros. A mudança foi óbvia, uma vez que “o investimento era baixo” e conseguia fazê-los em casa com a ajuda do marido. Depois, a venda ambulante era feita por uma funcionária, de escola em escola.
A chegada da pandemia travou o negócio e Danyelle teve de reinventar todo o modelo e passou a fazer “torta no pote”, que vendia por delivery. Com toda a gente em casa e a “precisar de um doce” viu o volume de encomendas a crescer e o projeto a expandir. Quando tudo melhorou abriu a primeira loja, em 2021, e mais tarde seguiu-se uma localização ainda maior. A “instabilidade do país e a falta de segurança” fez com que procurassem alternativas. Portugal foi a solução.
Na Sweet Cakes criou um menu inspirado nos doces que os antigos clientes mais gostavam e reinventou algumas receitas. A aposta mostrou-se a mais acertada, uma vez que “as fatais tortas” continuam a ser, segundo a proprietária, as mais vendidas. “A favorita é a de nido com morango folhado (5,50€), feita com uma base de bolo de baunilha, brigadeiro de nido, massa folhada, morangos frescos e marshmallow”, diz a dona. Logo a seguir, na corrida dos bestsellers entram as taças com gelado (6€) e os milkshakes de morango, pistácio ou banoffee (6€).
Apesar de o nome dar a entender que por ali só se vendem doces e bolos, não é esse o caso. O casal brasileiro trouxe também algumas receitas de petiscos muito populares no país natal, como a coxinha de frango (2,50€), o pão de queijo (2€, quatro unidades) e a empada de carne fresca (3€). Para quem preferir um lanche mais composto, na Sweet Cakes também vendem tostas de salmão fumado (6€), ou de brie e parma (5,50€), ou croissants com frango e queijo (4,50€).
Agora que o tempo está a arrefecer, começaram a vender chocolate quente, cappuccino e um fondue de chocolate. Em breve será possível começar a fazer encomendas de bolos para as festas de aniversário e para a quadra natalícia. “É o próximo passo”, garante Danyelle.
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