Omri trocou Israel por Lisboa há oito anos. Procurava tranquilidade e encontrou-a na capital portuguesa. “Nunca senti uma paz tão grande como nesta capital”, afirma. O que não previa era que Lisboa o levasse a deixar as tatuagens para se dedicar ao pão artesanal. Após várias experiências em mercados e pop-ups, abriu finalmente a primeira loja. A padaria Messiah, em Alcântara, foi inaugurada no final de setembro.
Na loja, fazem-se e servem-se pães judaicos, polacos e marroquinos que remetem para a sua infância. Filho de mãe marroquina e pai egípcio, cresceu rodeado por uma diversidade de sabores e tradições. Entre os produtos mais procurados estão o chalá, um pão trançado típico das celebrações judaicas, a babka, um pão doce, a frena, uma especialidade marroquina, e as za’atar cookies, bolachas vegan apimentadas pela tradicional mistura de especiarias da região.
Quando chegou a Portugal, Omri Levi decidiu recuperar as receitas de sempre e começou a partilhá-las com amigos. Pouco tempo depois, já fornecia restaurantes e participava em feiras. A marca Messiah surgiu em 2022, mas só este ano sentiu que estava pronto para abrir um espaço.
“Quando cheguei a Portugal trabalhava como tatuador. Ainda consegui exercer durante dois anos. Depois meteu-se a pandemia e eu aproveitei esses anos para desbravar este País a que chamo casa, de uma ponta a outra. Fiquei ainda mais encantado e determinado a ficar por cá”, conta o israelita de 38 anos.

Começou a fazer pão no forno de casa, que ia distribuindo pelos amigos e vizinhos. Com o crescimento do projeto, decidiu abrir a pastelaria no bairro onde vive. “Lisboa está muito concorrida, com wine bars e coisas do género. Decidi ir por outro caminho, embora também venda copos de vinho, porque se há coisa que os portugueses adoram é pão e vinho”, sublinha. “Quem tem passado por aqui repara no cheiro a pão quente e isso atraiu-os a entrar. Chegam pessoas de todas as idades”, acrescenta.
Todos os dias saem fornadas com os clássicos do Médio Oriente. Num menu escrito à mão num papel castanho colado à porta, estão sempre disponíveis chalá (7€), babka (3€), za’atar (3€) e um “bagel que não é bagel”, com possibilidade de recheio. À hora de almoço, é possível pedir uma sandes de ovo (8€), para comer no interior, onde há três lugares, ou na pequena esplanada com duas mesas para seis pessoas.
Também se serve café de filtro (3€), feito com grãos torrados em Lisboa, e vinho (3€), escolhido entre dois produtores nacionais: Vale da Mó e Talha Mafia. “Não somos nenhum wine bar, muito menos um bar. Por isso trouxe algo acessível”, explica Omri. Os restantes ingredientes são comprados a produtores da zona de Lisboa.
Ao fim de semana, aproveita para confecionar pratos típicos da sua terra natal, Emek Hefer, em Israel. Durante a semana, as sanduíches variam conforme o que tiver disponível. A padaria encerra por volta das 15h30, mas se o stock acabar antes, fecha a porta.

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