Em 2017, Eddie Baker vendeu tudo e deixou os Estados Unidos. Abandonou a casa, a família e a loja de móveis para se dedicar àquilo que sempre fez parte da história da sua família: a cozinha. A diferença é que decidiu fazê-lo em Portugal e não no Michigan.
Antes de aterrar em Lisboa, o norte-americano de 45 anos passou por Espanha e Alemanha à procura do melhor local para viver. Antes de se fixar na capital, chegou a morar em Oliveira do Hospital, mas a tranquilidade e o frio não o convenceram.
Um dos seus amigos, Haitam Dahbi, marroquino, também tinha escolhido Portugal para viver. Os dois conheceram-se há cinco anos, em Marrocos, durante uma viagem de Baker em busca de novos móveis para a sua loja no Michigan. A amizade manteve-se e, quando Dahbi decidiu mudar-se para Portugal para tirar o doutoramento, os dois voltaram a reunir-se e acabaram por abrir um negócio juntos.
Baker sempre viu familiares a vingar na restauração, mas nunca pensou seguir o mesmo caminho — até que uma ida à lavandaria o fez repensar a carreira. “Quando me mudei para Lisboa, ia lavar a roupa a um local na Lapa. Enquanto a máquina fazia o seu trabalho, ia ao bar ao lado beber um copo de vinho e petiscar. Tornou-se um ritual. Mas a dada altura percebi que estavam a vender o espaço”, conta Eddie à NiT.
Baker ligou ao proprietário e propôs ficar com o bar para um projeto conjunto com o amigo marroquino. Remodelaram o espaço, que antes era conhecido pela cozinha chilena, e transformaram-no num spot inspirado nos bares de Marraquexe. Trouxeram sofás, candeeiros e tapetes, todos diferentes, mas que se misturam para criar um ambiente acolhedor. “O Norma é um género de sala de estar, com capacidade para 15 pessoas, onde servimos petiscos marroquinos e vinhos portugueses”, explica.
A carta é curta e descomplicada, com seis pratos pensados para “picar e partilhar”, maioritariamente vegetarianos, como manda a tradição marroquina. Entre as opções, há um couvert com pão, azeitonas, queijo e tapenade (3€), beringela fumada e temperada (5€) e couve-flor com alho (5€). A única opção com proteína animal chama-se krovet pilpil (9€), um prato de camarões com alho e coentros. “Acompanha tudo com pão caseiro, feito diariamente por nós no bar”, acrescenta Baker.
O grande destaque, no entanto, são os vinhos, todos portugueses. “Temos várias opções do Dão, Lisboa e Verde”, refere. Um dos destaques é o Tubarão (7€ o copo), um tinto das ramadas da zona do vinho verde. Para os fãs de Pét-Nat, a lista oferece várias opções. “Escolho todos os vinhos que temos cá, mas confesso que é uma missão intimidante porque os vinhos portugueses são maravilhosos”, admite.
Para quem preferir cocktails, há sugestões como o Fergroni (8€), que combina gin com Campari e Punt e Mes, ou o Paper Plane (10€), com bourbon, Aperol, Nonnino e limão. Seja qual for a escolha, os clientes podem sentar-se num dos antigos sofás ou cadeiras espalhados de forma descontraída pela sala, ou aproveitar a mini esplanada.
