Cafés e Bares

O novo e inusitado Starbucks tem vista direta para a Coreia do Norte

A cadeia norte-americana instalou o mais recente espaço no limite da fronteira na Coreia do Sul e muniu a esplanada com binóculos.
Há vários cafés para pedir.

A Coreia do Sul é vibrante, cosmopolita e cheia de oportunidades para explorar. Um contraste gritante com o Norte da península, onde o cinzento domina sob a repressão de um regime que comanda o povo com punho de ferro. Esta divisão faz-se no paralelo 38, a linha reta que demarca a separação do povo coreano. E foi precisamente no limite que a Starbucks decidiu abrir um espaço único numa torre de observação localizada na última fronteira da Guerra Fria, com vista direta para a Coreia do Norte.

A nova loja da marca norte-americana, fundada em 1971 por três amigos apaixonados por café, situa-se no Aegibong Peace Ecopark, na cidade de Gimpo, a cerca de 50 quilómetros de Seul e apenas 1,4 quilómetros da Coreia do Norte. Ali, os clientes podem saborear as suas bebidas enquanto observam o outro lado do Rio Jo, que divide os dois países.

No dia da abertura, a 29 de novembro, centenas de clientes enfrentaram temperaturas negativas para transformar o deck do café num verdadeiro ponto de observação. Equipados com binóculos instalados pela própria Starbucks, admiravam os prédios baixos da cidade de Kaepung, do outro lado da fronteira. Quando o frio se tornou insuportável, procuraram refúgio no interior acolhedor do café para provar algumas das especialidades da marca.

A escolha da localização revelou-se um sucesso, com filas que rapidamente confirmaram o sucesso da aposta da empresa. O espaço insere-se num ecoparque que, durante a Guerra da Coreia (1950-1953), era conhecido como Colina 154 e que foi palco de combates ferozes.

Nos últimos 50 anos, o local foi dotado de torres de vigia e controlos militares para proteger a fronteira. Hoje, o novo Starbucks oferece uma das poucas formas seguras para sul-coreanos e turistas internacionais conhecerem a Coreia do Norte sem enfrentarem processos burocráticos complexos.

O espaço tem capacidade para 30 lugares.

O interior do espaço está organizado como uma ilha: à entrada, os clientes encontram uma área de merchandising com produtos natalícios e clássicos da marca. Mais adiante, o café assume o protagonismo, com bares focados na preparação de bebidas e lounges confortáveis para relaxar. Do lado direito, uma grande fachada de vidro proporciona uma vista deslumbrante para a paisagem.

Além dos cappuccinos, mochas e lattes, destaque para o especial de Natal que junta canela ao café, uma delícia a não perder. Os preços variam entre 2,50€ para um expresso e 14€ para preparações especiais.

A inauguração surge num momento de tensão crescente entre as Coreias. Em janeiro de 2024, Kim Jong Un abandonou os planos de unificação delineados pelo avô Kim Il Sung em 1972. Desde então, a Coreia do Norte alterou a Constituição para definir o Sul como “inimigo primário e invariável”. Entre outras provocações, o regime norte-coreano tem enviado, desde maio, milhares de balões com lixo para o Sul, além de ter destruído secções de estradas e ferrovias que ligavam os dois países, isto depois de em junho ter assinado um acordo de defesa conjunta com a Rússia.

Como lá chegar

Quem quiser visitar o café que abriu num local histórico terá de apanhar um avião para Seul. Em Portugal os voos são a partir de Lisboa e neste momento encontra viagens por 749€. Assim que aterrar terá de apanhar dois autocarros para chegar ao Aegibong Peace Ecological Park. À entrada os visitantes têm de passar por um controlo de segurança onde apresentam os documentos de identificação. Só depois é que poderá chegar ao Starbucks e pedir uma das bebidas da marca.

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