Durante um intercâmbio no Vietname, dois amigos franceses prometeram que um dia abririam um bar ou uma discoteca. Dez anos mais tarde, decidiram finalmente avançar para o projeto, só que a idade e as noites mal dormidas que “já não fazem sentido” levaram a dupla a apostar antes num pequeno café de especialidade, que inauguraram a 27 de fevereiro em Arroios, Lisboa.
Arthur Roudillon e Victor Accolas são os proprietários do novo espaço dedicado ao café de especialidade em Lisboa. Ambos franceses e com 32 anos, abandonaram Paris à procura de novas aventuras. Arthur veio com a mulher para o país dos sogros. Era suposto ficarem apenas três meses, mas a experiência foi tão boa que decidiram mudar-se de vez.
“Tinha vindo a Portugal de férias antes e fiquei encantado com Lisboa. Como estávamos cansados da vida stressante de Paris, decidimos tentar”, explica Arthur. A única coisa que não correu tão bem foi a procura por um café com o ambiente que tinha encontrado no sudeste asiático e no Japão e, mais tarde, em França. “Em Lisboa há conceitos muito giros, mas muito pensados para negócios e turistas, e pouco pensados para pessoas. Partilhei isto com o Victor, que vivia na Austrália, onde trabalhava com cafés de especialidade, e decidimos ir buscar um projeto que tínhamos na gaveta há muitos anos”, diz.
Quando se conheceram, enquanto estudavam no Vietname, descobriram vários bares e social clubs onde adoravam ir beber um copo e conversar. A experiência levou-os a prometer que um dia, se fosse possível, iriam inaugurar uma discoteca ou um speakeasy. Os anos passaram, evoluíram, os filhos chegaram e perceberam que as noites mal dormidas já não faziam parte do plano. Por isso, um café seria sempre uma ideia melhor.
Encontraram o espaço em Arroios, no mesmo bairro onde o francês e a namorada luso-francesa vivem, e decidiram avançar. “Hoje estamos mais velhos. Precisamos de dormir. Mas continuamos a adorar a noite — o brilho quente, as conversas, aquela sensação de estar num pequeno mundo à parte. Gostamos de luzes baixas, velas, música, encontros, amigos a pôr a conversa em dia, e da forma como o tempo parece abrandar”, esclarece.

Pegaram nesta ideia e criaram uma sala de estar onde os clientes se possam “sentir efetivamente em casa”. O espaço tem capacidade para 30 pessoas, divididas por três salas, e uma decoração inspirada nos cafés que encontraram no Japão e na Coreia, mobilados com móveis comprados em segunda mão.
Após vários testes, escolheram grãos que chegam das Honduras para serem torrados em Lisboa, na Koi, e usados nas bebidas do Casa Casa. Arthur tirou o curso de barista para ajudar Victor na parte das bebidas e, desde então, dividem-se para conseguir surpreender os clientes. O café mais pedido nos últimos meses foi o latte de caramelo de miso (5€). A combinação agridoce tem surpreendido.
“Fazemos uma pasta de miso, que é depois transformada em caramelo e acrescentamos ao leite até obter a consistência que procurámos.” A ideia da dupla é trazer algumas inspirações de café que viram no Japão e na Coreia e criar as próprias bebidas do Casa Casa. Com matcha, servem lattes frios e quentes (3,50€) e ainda o Matcha Nuagem (4€), feito com água de coco.
No espaço não faltam, claro, os clássicos. Há expresso (1,50€), americano (2,50€) e cold brew (3€). Com leite, há flat white (3,50€), cappuccino (3,50€), latte (4€) ou chai latte (3,50€). Como queriam ser uma sala de estar, onde os clientes passassem tempo, optaram por criar um menu com algumas sobremesas e petiscos, em que se destaca a cookie com chocolate e alecrim (3€), o tiramisú (4,50€), a tosta de queijo com kimchi (9€) e a sandes de abacate e ovo (9€).
A cada duas semanas fazem uma “late night”, ficando abertos até às 22 horas para quem quiser provar um expresso martini (8€) ou um negroni com cold brew (6€). Aí, o bar fica iluminado apenas com a luz das velas e todos são convidados a um momento mais tranquilo de conversa.
