“O chocolate foi a primeira coisa que me veio à cabeça.” Quando se pergunta a um pasteleiro sobre o seu ingrediente favorito, a resposta pode não ser imediata. Gabriel Campino foi confrontado com esta questão “há uns anos” e, após uma breve reflexão sobre os sabores que mais apreciava, rapidamente chegou ao cacau.
Com mais de 15 anos de experiência como chef de pastelaria em diversos hotéis de Lisboa, no início de 2024, Gabriel decidiu que precisava fazer uma mudança na carreira. Inspirado por um conceito que conheceu em Londres, lançou um bar de sobremesas dedicado inteiramente ao chocolate. A Chocolataria abriu portas a 18 de setembro, em Alverca.
O gosto pela pastelaria surgiu quando Gabriel ainda não tinha 10 anos. Devido às longas horas de trabalho dos pais, passava as tardes a cuidar dos irmãos após a escola, e “para se entreterem”, acabavam por fazer bolos caseiros. “Uma das minhas primeiras recordações é estar a cozinhar com os meus irmãos. Com o tempo, comecei a fazer cada vez mais pratos. A minha mãe é que não gostava da maneira como deixava a cozinha, sempre de pantanas e louça suja. Um dia, cansou-se e levou-me à pastelaria de uma amiga, onde aprendi esta arte”, recorda o chef, com 35 anos, à NiT.
Em 2003, durante as férias de Natal, começou a trabalhar na fábrica, seguindo-se o verão seguinte e, depois, todos os fins de semana e tempos livres. “Fiquei obcecado por aprender tudo sobre pastelaria e, quando terminei o secundário, nem precisei de expressar o que queria fazer. Formei-me na Escola de Hotelaria de Coimbra e depois fui para Londres estagiar, primeiro no Hilton Dolce Chester, e depois, no Mandarin Oriental. Quando regressei a Portugal, aceitei o cargo de sub-chef na pastelaria do Penha Longa e, mais tarde, mudei-me para o Tivoli Avenida da Liberdade, onde desenvolvi algumas das sobremesas do Seen, que ainda fazem parte do menu”, confessa.
Após vários anos à frente de cozinhas de hotéis, Gabriel desejava algo diferente, onde pudesse ter ainda mais liberdade criativa. Trabalhou durante dois anos numa empresa de eventos para perceber o funcionamento de um negócio menor, enquanto se preparava para se lançar em nome próprio.
A decisão estava tomada: queria abrir um dessert bar onde (quase) tudo tivesse chocolate. Embora tenha procurado espaços em Lisboa, não encontrou o que pretendia. Então, decidiu levar o conceito para Alverca, a sua terra natal.
A Chocolataria, inaugurada em parceria com a sócia Catia Marachita, apresenta-se como “um espaço para comer chocolate de diferentes maneiras”. E não se trata de crepes ou bolos comuns. O menu inclui semi-frios de autor (3,90€) e “explosões” (5,30€), uma sobremesa cremosa que combina pão de ló, mousse e uma camada crocante de chocolate com amêndoa. Como têm sido um sucesso, Gabriel já desenvolveu outros sabores, como caramelo salgado, Kinder Bueno, Raffaello e manteiga de amendoim com frutos vermelhos.
Aos fins de semana, os fãs de brunch podem descobrir n’A Chocolataria um verdadeiro paraíso dos pequenos-almoços tardios. Entre as 10 e as 14 horas, é possível optar pelo menu (17,99€), que inclui ovos Benedict, croissant de assinatura, panqueca com fruta e sumo natural. Durante a semana, seguindo a tradição britânica, está disponível, mediante reserva, o Chá das Cinco (10,99€), servido com scones, miniaturas e mini sanduíches.
A decoração do espaço, com 35 lugares, aposta nas madeiras e em vários tons de castanho e rosa. “A minha prioridade era ter uma cozinha ampla, capaz de criar todos os doces que servimos, tanto aqui como para levar”, revela.
Para acompanhar “as doçuras”, Gabriel e Catia desenvolveram limonadas (2,50€) e sumos naturais (3€) que “equilibram o açúcar”. Para os que desejam continuar na “onda do chocolate”, também estão disponíveis o Ice Chocolate (2,40€) ou um cappuccino (2,10€).
Carregue na galeria para descobrir algumas das sobremesas que Gabriel prepara n’A Chocolataria, em Alverca.