LET'S ROCKEm miúda, Elisa Martins tinha um pequeno atelier onde podia ser criativa. A mãe, professora de português e francês, sempre procurou incentivar a veia artística da filha, dando-lhe liberdade para expressar-se. À medida que foi crescendo, usou o talento para ganhar dinheiro. Começou por fazer caixas na serralharia do avô e depois passou a vender pulseiras de missangas à família. Mais tarde, vieram os bolos.
Agora, com 30 anos, é dona de uma pastelaria de sucesso onde, através do cake design, se encarrega de fazer bolos realistas para eventos. No entanto, nem sempre soube o que queria fazer. “Na altura do secundário, estava muito indecisa. Acabei por seguir o meu coração e escolher fazer um curso de pastelaria e cozinha, na Escola de Hotelaria de Coimbra, onde podia continuar a usar a minha criatividade”, conta à NiT.
Durante as aulas, percebeu que a sua vocação pendia para a pastelaria. Passou a fazer bolos para a família e, quando terminou os estudos, foi convidada para trabalhar numa pastelaria da região “por pensar fora da caixa”. “Durante sete anos passei por diferentes pastelarias, focando-me sempre na área dos bolos de aniversário e do cake design, que tem crescido exponencialmente na última década”, refere.
“Percebi, depois, que a procura era cada vez maior e que já tinha uma carteira de clientes fiéis para conseguir abrir o meu próprio negócio”, acrescenta. Em 2024 conseguiu reunir coragem, meios e a oportunidade para inaugurar a própria marca, a Cakes Elisa Martins, no centro da terra natal, Vagos.
“Esta zona tem crescido muito nos últimos tempos, sobretudo com jovens a escolher a cidade para viver. Por isso optei por ficar em casa. Passado um ano percebi que foi a decisão certa porque tenho clientes de Aveiro e outras zonas do País que vêm cá para vir buscar bolos e outras sobremesas”, refere.
O espaço, que conta com uma fábrica na parte interior, tem uma pequena pastelaria onde Elisa serve bolos à fatia, cheesecakes, brownies ou cookies recheadas. “Não queria criar uma pastelaria convencional com os típicos bolos portugueses. Como aqui ainda há mercado para crescer, decidi fazer diferente e trazer algo inovador”, refere.
Inovador acaba por ser o adjetivo mais usado pelos seguidores da pasteleira nas redes sociais para se referirem ao seu trabalho. E não é para menos. Em menos de um ano, Elisa já construiu um bolo em forma de castelo para um casamento com 150 convidados, um Ferrari, uma mala da Gucci e um gato em tamanho real (igual ao do cliente). Para estes trabalhos a pasteleira investe várias horas (e mesmo dias) para conseguir chegar ao resultado final.
Começa por fazer as massas e os recheios escolhidos pelos clientes. As combinações mais pedidas são, normalmente, noz, cenoura, red velvet ou chocolate com recheio de bolacha de lótus, ou ovos moles. Depois, segue a inspiração pedida pelo cliente, dando sempre o cunho pessoal a qualquer design que faça. No caso de bolos para casamentos, por exemplo, gosta de reunir com os noivos presencialmente para conhecê-los e para que possam provar os sabores de massa e recheio.
Evita, ao máximo, trabalhar com esferovite — mesmo que isso signifique ter de o refazer várias vezes, como já aconteceu. Prefere refrigerar o bolo por várias horas e trabalhar com materiais de qualidade, como chantilly vegetal, para garantir que a estrutura aguenta várias horas perfeita.
“Há cerca de três anos fiz um bolo de quatro andares, mas que não ficou a refrigerar o tempo necessário. Coloquei-o na mala do carro, fiz a viagem e quando cheguei ao destino estava todo desfeito. Tive de fazer novamente tudo em tempo recorde”, conta.
A pressão e a falta de tempo já são dois fatores com que Elisa está sempre a contar. Por altura do verão, quando o volume de trabalho aumenta e as encomendas surgem com mais frequência tem, normalmente, de fazer várias diretas para garantir que todos os clientes recebem os bolos pedidos. Por fim de semana, faz cerca de 45 bolos. No entanto, não trabalha sozinha. Atualmente tem mais sete pessoas na equipa, que se estão distribuídas entre fabrico e pastelaria.
A parte criativa está entregue a Elisa. Sobre as técnicas que usa garante que não existe qualquer segredo. “Sou uma pessoa muito curiosa e estou sempre a tentar procurar coisas novas e gosto de estar atenta às tendências. O meu objetivo é sempre inovar, para não fazer nada igual aos outros”, admite.
O preço de um bolo na loja varia entre os 45€ e os 150€, dependendo do design que o cliente pede. As encomendas podem ser feitas através das redes sociais, ou diretamente na loja.
Quem quiser pode ainda aproveitar para provar algumas das especialidades diretamente na pastelaria. Há sempre cheesecakes de forno (3,50€), cookies recheadas com kinder (4€) ou croissants de pistácio (4,50€). Em breve vão incluir brunch.
Carregue na galeria para ver alguns dos bolos que Elisa já criou.
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