Vinhos, petiscos e pratos que enaltecem a cozinha portuguesa. Esta é a essência do Parra Wine Bistro, inaugurado a 8 abril, em Santos (Lisboa). Artur Emashev, o fundador, é “profundamente apaixonado por vinho”. O russo de 34 anos aterrou em Lisboa em julho de 2023 e decidiu que estava na hora de tirar o “projeto de uma vida” da gaveta.
O sommelier decidiu mudar-se com a família para a capital após o início da invasão da Rússia à Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022. Antes de chegar ao nosso País e a Lisboa, cidade que tinha escolhido como destino de férias há mais de cinco anos, passou por vários países europeus. “Não pensámos logo em Portugal, mas quando aqui chegámos, percebemos que esta seria a nossa casa. As pessoas, o clima e a quantidade de produtores de vinho convenceram-nos”, começa por contar o empreendedor à NiT.
Emashev não começou a escrever o novo capítulo da vida de raiz, pois já conhecia o mundo dos vinhos. “Em São Petersburgo trabalhava como sommelier numa cadeia de restaurantes, mas era dificílimo entrar em contacto direto com os produtores. Tínhamos de viajar várias horas para visitar um. Aqui em Lisboa não é assim. Em 20 minutos estou em Colares, onde há ótimo vinho, e em três horas consigo fazer uma prova no Douro ou no Alentejo”, explica.
O russo trouxe a lista de contactos que tinha reunido antes de rumar a Portugal e visitou antigos clientes. “Sabia que o próximo passo era lançar-me a solo nesta área, por isso, tinha de trazer coisas diferentes para juntar aos bons vinhos que havia cá.” Fez uma cuidadosa seleção e antes de decidir onde iria abrir o wine bar, já tinha algumas das garrafas que queria dar a provar.
Pouco depois, descobriu o local ideal para acolher o Parra. “Encontrei um antigo restaurante em Santos, muito rústico, que era perfeito para o projeto que tinha. Em poucos meses tratamos de tudo e no início de abril conseguimos abrir o bar”, diz.
O arranque da primavera foi o momento perfeito para o início do Parra, que pretende ser “uma espécie de reduto alternativo” aos tradicionais roteiros da capital. “Quero dar a conhecer vinhos de produtores locais e estrangeiros, que não são tão fáceis de encontrar nas cartas, no circuito”, adianta Artur, que diariamente abre duas garrafas especiais para servir a copo. E não se fica pelo mais barato que tem na garrafeira.
“Sei que o mais comum é optar por referências mais em conta, mas quero que os clientes tenham oportunidade de provar algo diferente e de qualidade superior. É isso que os pode fidelizar”, adianta.
O Parra acolhe muitos turistas, “a maioria quer só beber um copo antes de jantar”, nota. Contudo, as 100 referências a copo e à garrafa podem ser acompanhadas por petiscos que “enaltecem os produtos nacionais”. Embora admita que sendo russo, nunca lhe passaria pela cabeça “atirar-se à gastronomia local”, admira a cozinha portuguesa. Por isso, decidiu homenageá-la utilizando apenas ingredientes de produtores locais.
“Tentamos focar-nos em sabores e combinações que fazem bons pairings com os vinhos. Adoramos pratos simples, com ingredientes de alta qualidade.” O Parra abriu há pouco mais de um mês, mas Artur já consegue apontar os bestsellers: o Tar Tare (12€) um tártaro de novilho; a sapateira recheada melhorada (12€) e, nos pratos principais, o porco preto com endívias e uvas fumadas (19€).
O menu tem mais opções para ir saboreando com diferentes referências, escolhidas em equipa por Artur, Angelo e Hermine. Nos peixes destacam a corvina com amêijoas e salicórnia (19€), para beber com “um Arinto” e ou a salada de polvo (9,50€) com um tinto de Bordéus. Os fãs de croquetes podem também pedir as croquetas de bochechas de porco (10€) e provar um dos vinhos do dia, que tanto pode ser um dos produzidos por Luís Seabra no Douro, um da Quinta de São Miguel em Colares, ou de um pequeno produtor francês praticamente desconhecido.
Carregue na galeria para descobrir o novo wine bar de Santos, em Lisboa.