O palavra pãodemia foi inventada pela cozinheira Filipa Gomes durante o primeiro confinamento causado pela Covid-19, quando incentivou centenas de portugueses a fazer pão em casa. A receita da chef levava apenas quatro ingredientes e nem precisava de ser amassada. As partilhas nas redes sociais multiplicaram-se e o fermento em pó esgotou nos supermercados.
Pedro Piedade não escapou ao movimento e tornou-se num dos portugueses que também se dedicou a fazer pão. Agora decidiu deixar o trabalho estável como um dos diretores da editora da Universidade de Oxford para abrir a Treego, a mais recente padaria de Alvalade.
A história de Pedro com o pão estende-se muito para lá de 2020. Aos oito anos, o lisboeta já tentava amassar o próprio pão e decidiu então recuperar a nostalgia da infância passada entre a Beira, na casa da avó paterna, e o Alentejo com a matriarca materna durante a pandemia. “As minhas avós sempre fizeram pão para a família. A paterna dedicava-se mais à broa de milho, enquanto a materna fazia o típico pão alentejano. As minhas memórias delas são relacionadas com o pão, desde vê-las a amassá-lo, a levá-lo ao forno e o cheiro que ficava em casa. Sempre tivemos muito respeito por este alimento”, conta o empresário de 48 anos.
À medida que foi crescendo, foi fazendo o seu próprio pão, que depois levava para os jantares com a família e aos amigos. Na pandemia decidiu voltar a dedicar-se ao hobby, desta vez para a mulher e para os filhos — e mais tarde para todos os que quisessem provar o seu pão de fermentação lenta. “Criámos uma página no Instagram para começarmos a vender. Acabou por correr melhor do que esperava. Em 2021 passamos a vender em mercados biológicos e este ano conseguimos abrir um espaço.”
Pedro Piedade deixou de lado o cargo na Universidade de Oxford e decidiu dedicar-se em exclusivo a esta paixão de miúdo. A mulher, Erika Piedade, decidiu entrar com ele na aventura, enquanto concilia os trabalhos como freelancer em projetos para o Ministério da Agricultura do Brasil. O casal gere a produção e loja que concentraram na loja do Bairro de São Miguel, em Alvalade.
A escolha do bairro lisboeta não foi por acaso. Pedro sabia que teria de estar num local central, onde o comércio de rua fosse valorizado e existisse o hábito do consumo do pão artesanal. Assim que encontrou um pequeno espaço, não hesitou. Desde junho vende diferentes variedades de pão feito sem recurso a fermentos industriais ou outros aditivos. “Tudo é feito com massa mãe, sem químicos ou produtos de origem animal e temos certificação biológica”, reforça o proprietário.
Entre as diferentes versões que Pedro coloca diariamente nas prateleiras, as que têm sido mais procuradas são as de quinoa com aveia e multigrãos e o pão de leite com manteiga japonesa. Para os clientes que procuram evitar o glúten, a versão do dinamarquês Rugbrød tem sido um sucesso. Os preços não variam muito: cada pão custa 5€ e a metade 2,50€.
Mas na Treego há mais além do pão. Todas as semanas fazem cinnnamon buns, com um sabor especial e diferente e que se junta aos clássicos de mação, chocolate e canela. Cada unidade custa 2,50€ e uma caixa com cinco fica por 10€.
Os fãs de focaccias encontram várias opções na padaria, desde tomate desidratado, alecrim ou cebola roxa. “Os ingredientes são escolhidos nos mercados de produtores locais que fazemos e são sempre frescos. O azeite utilizado é um extra virgem português, também biológico.” Os preços variam entre os 8€ para uma inteira, e os 2,50€ por uma fatia.
Além de poderem provar o pão em Alvalade, os lisboetas encontram sempre exemplares frescos nos mercados do Parque das Nações Norte, no Campo Pequeno, no Príncipe Real e em Sintra.
Carregue na galeria para conhecer algumas das especialidades da Treego.