Normalmente, confiamos nas grandes competições de vinho para nos ajudarem a encontrar as melhores propostas no mercado. Podemos acreditar que ali estão os maiores especialistas da indústria vínica. Infelizmente, parece que isso não é bem assim.
Esta realidade foi desmascara pelo programa televisivo belga “On n’est pas de pigeons”, que foi para o ar a 11 de maio no canal RTBF. Em português, este nome significa “Não somos tontos”, e era isso mesmo que queriam provar. Com a ajuda do sommelier Eric Boschman, o jornalista Samy Hosni pretendia mostrar que “existem concursos anglosaxónicos só para fazer dinheiro. A inscrição é muito cara, o transporte é muito caro, para receber medalhas que não valem nada”, disse.
Com ajuda do especialista em vinhos, começaram por organizar uma degustação com rótulos que se encontravam à venda no supermercado por menos de três euros. Depois, escolheram o pior. Embora não revelem exatamente qual a garrafa escolhida, sabemos que custou 2,5€ e foi comprada numa loja da retalhista low cost Delhaize.
O plano passava por enganar o júri. Para o fazerem, trocaram a etiqueta, decorando-a com a imagem de uma pomba, e deram-lhe o nome de “Le Château Colombier”, uma referência aos inúmeros vinhos franceses que costumam ser batizados com Château, que geralmente significa que são a melhor produção das diferentes marcas.
Após escolherem o pior rótulo de supermercado, tiveram de submetê-lo a análises para que fossem registadas informações como a taxa de álcool e açúcar. Este processo custou 20€. Após terem os resultados, inscreveram-se no concurso internacional Gilbert et Gaillard. Para participarem, tiveram de pagar 50€ — Boschman bem disse que alguns concursos apenas pretendem faturar.
O mais chocante de tudo foi o facto do “Le Château Colombier” ter saído da competição com uma medalha de ouro. “Palato suave e rico com aromas jovens e limpos que lhe conferem uma agradável complexidade. Muito interessante”, descreveram os membros do jurado. Para se poderem gabar desta distinção recorrendo a autocolantes que podem ser colocados nas garrafas, os jornalistas do “On n’est pas de pigeons” tiveram de pagar 60€.