Foi só no final de junho que a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária aprovou o consumo de sete espécies de insetos e larvas. Sabemos que quando se fala nesta possibilidade, ainda podemos sentir algum tipo de repulsa, certo? Mas, não tem de ser assim. E o conceito de entomofagia vêm-nos explicar isso mesmo, que este consumo pode ser uma fonte alimentar muito rica e nutritiva.
Para desmistificar esta ideia, surgiu um novo projeto em Portugal criado pelas mãos de dois portuenses: o Portugal Bugs. Tudo começou no ano de 2016, mais precisamente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, quando um dos fundadores, o Guilherme Pereira, deu os primeiros passos neste mundo e decidiu aceitar o desafio de desenvolver um produto alimentar com farinha de inseto.
Apesar de não ter sido uma tarefa fácil, como o feedback foi tão positivo surgiu a ideia de avançar com uma startup que comercializa e desenvolve produtos alimentares à base de inseto, em conjunto com a outra fundadora, a Sara Martins. Como referem ambos à NiT, “ficámos rendidos à ideia de que os insetos podiam mudar o paradigma alimentar. E decidimos trazer este conceito para o mundo do empreendedorismo”.
Se ainda não está a ver as vantagens deste tipo de alimentos, prepare-se. É que são vários os benefícios que estes bichos podem fornecer, nomeadamente a nível ambiental, sendo que “a ideia inicial foi tentar encontrar uma fonte alternativa de proteína que fosse mais sustentável que as convencionais”. “E os insetos gastam menos ração, menos água e permitem uma menor emissão de gases de efeito de estufa“, revela Guilherme Pereira à NiT.
Também a nível nutricional, o consumo desta fonte alimentar tem um “elevado valor proteico, com todos os aminoácidos essenciais para nós”, revelam os fundadores. Além disto, acrescentam que “segundo vários estudos, ajuda a combater a diabetes, a melhor as bactérias boas na flora intestinal e a facilitar a digestibilidade”.
Ainda que o projeto tenha começado pela barra proteica, decidiram continuar a inovar e, neste momento, já têm: quatro barras Mealworm Bites disponíveis, sem adição de corantes nem conservantes; farinha de inseto para fazer vários cozinhados; o Choconebrio, um snack de chocolate de leite pulvilhado com Tenebrio molitor (larva-da-farinha) e snacks de insetos desidratados com diferentes sabores.
E é de destacar que todos os rótulos estão preparados para alertar os consumidores para alergias a ácaros e a alimentos como marisco, por exemplo.
Os dois fundadores da Portugal Bugs referem também que estão a “finalizar duas granolas, gelados, batidos proteicos e farinha de inseto com sabor”, tudo para este mês de julho. Isto só é possível porque das várias palestras e conferências em que marcaram presença, o “feedback está a ser ótimo e não há ninguém que dê um feedback negativo”, acrescentam.
Porém, como até agora não tinha sido permitido comercializar o produto a nível nacional, grande parte do trabalho é efetuado no mercado externo, dentro e fora da comunidade europeia. Já começaram a produção em nome próprio, mas a “maioria é com outras empresas internacionais, nomeadamente na Holanda e na Bélgica”, revela Guilherme Pereira à NiT.
Apesar disso, a ambição mantém-se e o objetivo para futuro é o de desenvolver parcerias com produtores locais e que toda a cadeia da empresa seja sustentável. E com o foco de quebrar tabus e a típica repulsa, demonstrando que os produtos com insetos são uma fonte alimentar, nutritiva, saudável e saborosa.
O preços variam entre os 4,50€ e os 35,80€. De seguida, carregue na galeria para ficar a conhecer alguns produtos disponíveis para compra online.