Em Campo de Ourique, Lisboa, esconde-se uma mercearia a que nem todos têm acesso. No interior existem corredores como uma loja comum com os mais variados artigos. Tem a zona dos congelados, dos frios, das bebidas, bolachas ou cosméticos. Na Rua Azedo Gneco, onde fica este espaço, é provável que se assista a um maior rodopio de estafetas de entregas a conduzir motas com os típicos sacos amarelos às costas. É aqui que funciona uma das sete lojas que a Glovo tem na Grande Lisboa.
Os produtos estão expostos como num supermercado comum, a diferença os clientes não entram no espaço — os pedidos são feitos online, através do site ou da aplicação da marca. São os funcionários que andam pelos corredores a encher o carrinho com tudo o que selecionou. Depois só precisa de acompanhar a encomenda, e entre 15 a 20 minutos tudo será entregue na morada que selecionada.
Os sacos de cartão com o símbolo da Glovo são entregues aos estafetas através de uma janela. “Qual é o seu pedido, amigo?”, pergunta Filipe Brandão, gerente da loja da marca. Do outro lado, o estafeta só lhe mostra o telefone com o número da encomenda que vinha levantar: 563.
Nesta área de expedição, os sacos são colocados em três zonas: tem uma secos, outra tem congelados, e outra é refrigerada, para o caso dos artigos que precisam de ficar no fresco enquanto não são levantados.
Os clientes que aguardam os pedidos — e os próprios estafetas — não acompanham o processo de colocação dos produtos escolhidos nos sacos. Visitámos a loja de Campo Ourique, que está aberta há quatro meses e fomos perceber melhor como tudo é feito. Já esteve no mesmo bairro, noutra localização, mas mudou para a atual. Tem cerca de 300 metros quadrados.
É num aparelho tipo smartphone que os pedidos são recebidos. O sistema informa os que produtos são necessários recolher. “O objetivo é que o percurso seja o mais eficiente possível, para que não demore muito tempo. Temos entre um minuto e meio e dois minutos para percorrer os vários corredores”, explica Filipe.
Assim que a máquina dá o sinal que chegou uma encomenda, um dos trabalhadores pega num carrinho e segue para os corredores devidos. É sempre mais fácil para quem conhece os cantos da loja — ou MFC (micro fulfillment centres), o nome interno com que são identificadas.
Antes de um artigo entrar no carrinho, é preciso que seja registado na lista do pedido através do código de barras, tal como acontece no momento do pagamento em qualquer supermercado. Se não for o produto exato que o cliente escolheu, o sistema dá um alerta. “Nunca é entregue um produto que não seja pedido. A base de dados online está sempre atualizada, por isso nunca aparece na aplicação ou no site um sugestão que não tenhamos em stock.”
Em menos de dois minutos Filipe tinha tudo o que precisava: um champô, uma lata de cogumelos, um pacote de bolachas, uma embalagem de presunto fatiado e outra de queijo creme. Assim que os artigos são validados é enviada uma mensagem ao estafeta selecionado para fazer a entrega a dizer pode dirigir-se à loja.
O carrinho com os artigos chega à área de expedição. É ainda necessário colocar tudo em sacos. São de cartão e existem em dois tamanhos. “Os artigos mais pesados são colocados sempre no fundo.” O saco é sempre bem fechado, com três (ou mais) agrafos de cada lado das alças.
É ainda impresso um talão com o número do pedido e a descrição do mesmo, para facilitar a entrega assim que chegar o estafeta. Neste caso, a encomenda ficou na zona dos secos, não tinha qualquer produto congelado — que, por norma, são colocados à parte, na arca frigorífica, por exemplo.

Ainda o pedido não tinha sido recolhido pelo estafeta quando chegou outro. “Desta vez é o Adriano a fazer”, propôs o gerente da loja. Achámos melhor declinar a proposta — ter de fazer tudo em apenas dois minutos é motivo para uma pessoa se enervar no meio dos corredores. Preferimos acompanhar mais este. Não fizemos tudo sozinhos, mas ainda ajudamos a encontrar alguns dos artigos no meio das prateleiras e na zona dos frios.
Entretanto, entrou um novo pedido, e agora sim, quisemos experimentar dar conta da encomenda sem ajuda. Era preciso recolher 12 artigos, indicava a máquina. Pensámos que teríamos de andar de um lado para o outro nos 300 metros quadrados, mas a tarefa revelou-se bem mais simples: eram 12 garrafas de água de 50 cl. E estavam num dos corredores mais próximos do local onde estávamos, o que uma tem uma explicação: as bebidas são os produtos mais pedidos. Por isso, estão mais perto do sítio onde se processam as encomendas. Quase nem era o preciso recorrer ao carrinho que utilizámos.
Registámos as 12 garrafas de água através do código de barras e depois foi só colocá-las num saco. As segundas-feiras costumam ser um dos dias mais calmos da semana, explica Filipe Brandão. Mal agrafámos o saco, chegou mais um pedido: café, ovos, pão da Gleba, duas mangas e um saco de limões. Desta vez demorámos mais de dois minutos a preparar a encomenda, mas o estafeta ainda não tinha chegado quando terminámos — menos mal.
À medida que o final da tarde se aproxima, caem mais encomendas. O número de pedidos também é maior aos finais de semana, entre sexta-feira e domingo. “Em algumas lojas os primeiros pedidos da manhã são sempre testes de gravidez.” As bananas são outros dos produtos mais comprados nas lojas da Glovo. Na altura mais grave da pandemia eram os testes à Covid-19 que dominavam as encomendas.
“Num dos espaços tinha 600 unidades ao início do dia. Às 17 horas já não havia nenhum.” Na aplicação e no site da Glovo tem acesso a todos estes artigos através do Express. A plataforma tem ainda parceria com outras lojas e mercearias, mas no caso destes pedidos expresso os artigos saem de lojas próprias. Existem sete como esta na zona da Grande Lisboa, contanto com Almada e Sintra. No Porto existem duas. Carregue na galeria para conhecer melhor a loja da Glovo em Campo de Ourique.