“Queridos amigos. Agora tem que se dizer amigues senão ficam todes maluques porque inclusive não somos inclusives. Respeito em absoluto estas escolhas (e todas as guerrilhas woke, quem cozinha em woks, se se identificam como ewoks da floresta, tudo), mas tenho pena de que a forma masculina já não possa ser considerada neutra. Não há nada que mais irrite um machão do que ser diminuído à neutralidade. Até nos sufixos.”
Assim arranca a carta que a Cerveja Musa enviou aos subscritores do seu pacote mensal de 12 cervejas, Ale my Friends. Esta quinta-feira, 6 de outubro, um excerto da mesma começou a circular nas redes sociais, gerando polémica entre os utilizadores que consideraram o conteúdo insultuoso, sobretudo para a comunidade LGBTI+, pela forma como aborda a chamada linguagem inclusiva.
Na sequência da polémica, a empresa publicou um comunicado no Instagram em que se retrata e dá razão às críticas. “A Musa errou. Mesmo”, começa por escrever. “Têm toda a razão! Não temos grandes paninhos quentes para colocar em cima deste tema, o teor do nosso texto não é aceitável. Ponto.”
Acrescenta: “Temos muito orgulho na nossa liberdade e tolerância, refletidas na diversidade das pessoas que aqui trabalham ou que connosco colaboram, bem como na aposta que fazemos em agendas culturais diversas e inclusivas, ecléticas e livres. No entanto, este incidente demonstra que, apesar de todo o trabalho que temos feito, ainda temos muito que aprender e trabalhar para pôr em prática os valores que professamos, em tudo o que fazemos.”
A Musa diz ainda estar “a refletir sobre como isto aconteceu e como evitar que volte a acontecer”, ao mesmo tempo que pede que continuem a sinalizar se algo assim se repetir. Um pedido de desculpas a todos os que ofenderam, concluiu: “A Musa errou. A Musa certamente continuará a errar. A Musa errará menos.”
Contactada pela NiT, Bárbara Simões, responsável pelo marketing e comunicação da marca, voltou a reconhecer o erro e garantiu estarem a refletir sobre o sucedido para que a situação não se repita. Reforçou, igualmente, o pedido de desculpas a todos, sobretudo à comunidade LGBTI+, que lhes é “bastante próxima”, e pela qual sentem “grande carinho”.