Há dez anos revolucionou a forma como bebíamos vinho, com o lançamento de um sistema de preservação que servia a bebida sem remover a rolha. Agora, a Coravin, uma empresa norte-americana, volta a surpreender. Desta vez, com uma máquina que permite provar uma referência antes de a comprar.
O aparelho chama-se Coravin Tasting Botles e chegou a Portugal pela mão da consultora de vinhos Martins Wine Advisor. O objetivo? “Ajudar as empresas a potenciarem as degustações e provas junto de um público mais alargado, mas também a responder às exigências crescentes dos clientes mais jovens, que querem experimentar antes de comprar, promovendo, assim o interesse na educação do vinho”.
No fundo, trata-se de um dispositivo que pretende resolver um problema — permitir que os clientes provem os vinhos, sem que as garrafas abertas tenham de ser descartadas pouco depois
“É basicamente um modelo inovador que pretende criar um conceito de servir uma garrafa de vinho em vários tubos hermeticamente fechados e selados para serem depois transportados”, começa por explicar à NiT Cláudio Martins, presidente executivo da Martins Wine Advisor.
Concebido para responder a empresas e produtores, distribuidores, consultores e escolas de vinhos, o Coravin Vinitas é um pequeno aparelho que transfere o vinho para recipientes de 100 mililitros que podem ser preservados até 12 meses — sem perda de qualidades. Promete ser revolucionário.

“Isto é importante, e primeiro lugar, para os produtores. Em vez de mandarem garrafas a jornalistas, compradores, sommeliers (nacionais ou internacionais) podem enviar estas embalagens. Sendo bem mais pequenas, reduzem o excesso de peso no transporte, logo, também são mais sustentáveis”, continua.
Assim, para experimentar determinado vinho, vai deixar de ser necessário abrir uma garrafa de 750 ml, que acaba por se estragar depois de um tempo em contacto com o ar. E o mesmo acontece nos restaurantes de fine dining. Quantas vezes chegou a um espaço, com uma lista gigante de vinhos de prestígio que não são servidos a copo? Agora será possível prová-lo, sem que o resto seja deitado fora.
Pedir e provar uma sugestão da carta vai tornar-se um momento completamente diferente daquele que conhecemos até hoje. Sim, até nos podem mostrar a garrafa, o rótulo e ler algumas das características. Mas vamos deixar de poder ver o tão esperado momento em do tirar da rolha. Mas essa não é uma preocupação para o inventor.
“Até agora, não havia um mecanismo automatizado e escalável que criasse formatos de dose única e mantivesse a qualidade do vinho por meses, em vez de semanas”, assegura Greg Lambrecht , fundador da Coravin.

“Durante os primeiros dias da pandemia, identificamos uma lacuna no mercado. Faltava um de dispositivo de fracionamento de uso próprio, que permitiria aos produtores enviarem amostras, preservadas por meses, para os seus clientes e consumidores”, disse Chris Ladd, presidente executivo da Coravin.
O Coravin Vinitas levou dezoito meses a ser desenvolvido, em colaboração estreita com produtores, sommeliers, consultores e escolas de vinhos em todo o mundo.
“Um das razões para termos sido escolhidos como parceiros, deve-se ao facto de conseguirmos chegar a produtores de uma categoria elevada. Também temos no nosso portefólio vários restaurantes de fine dining”, explica o responsável pela Martins Wine Advisor. A empresa foi undada em 2014 por Cláudio Martins e Micaela Martins Ferreira e presta serviços de consultoria de vinhos no canal Horeca, ao consumidore final, bem como o segmento corporate.
Quando viu o primeiro protótipo, há cerca de seis semanas, Cláudio Martins (também embaixador do OENO Group em Portugal e no Brasil) considerou-o “incrível”, confessa. “Oferece uma experiência totalmente diferenciadora”, garante. O aparelho foi lançado em Portugal — há duas semanas — e tem sido um sucesso. “Está a ser bastante interessante”, diz.
E, afinal, como funciona? A Coravin não vende a máquina no nosso País. Se pretender engarrafar um vinho em garrafas mais pequenas, terá de entrar em contacto com a Martin Wine Advisor, a única no País com um dispositivo destes. Depois do contacto feito, basta enviar a garrafa e, a partir daí, não precisa de se preocupar mais. E se não quiser ter o trabalho de a enviar, a empresa também poderá fazer a recolha.
“Se um produtor quiser entubar 60 garrafas, ou 500, nós disponibilizamos esse serviço. O mesmo acontece para os restaurantes. Basta que nos enviem, nós entubamos e devolvemos. Também podemos fazer a recolha nos estabelecimentos”, esclarece Cláudio.
Os preços, esses, dependem, obviamente, do tipo de pedido — se inclui transporte, quantas unidades e se quer, ou não, uma caixa presente. “Os valores podem variar entre os 2,50€ e os 20€ por tubo”, acrescenta.