Gourmet e Vinhos

Já pode provar o gelado com sabor a grilo — e escolher o inseto seco como topping

Esqueça a baunilha, o morango e o chocolate. Cada bola custa 4€ (com o crocante incluído) e já há quem coma uma todos os dias.
Deve ser crocante.

Escolher os sabores do gelado que nos apetece comer em determinado dia pode ser complexo. Se alguns só gostam dos clássicos, como baunilha, chocolate ou morango, outros preferem os sabores a fruta. Será que é daquelas pessoas mais arrojadas e que gosta de experimentar as combinações mais improváveis? Dos mais doces, aos cremosos, passando pelos mais simples e frescos: entre tantas possibilidades, o difícil é mesmo decidir.

Entre todas as sugestões, apostamos que nunca que lhe passou pela cabeça comer um gelado com sabor a grilo. Mas já o pode fazer. Sim, leu bem — só precisa de viajar até à Alemanha.

A opção com o inseto está disponível no Eiscafè by Rino Rottenburg, situado em Rottenburg am Neckar, no sul da Alemanha. Cada bola custa 4€ e inclui um topping crocante — no topo, tal como a cereja que é colocado por cima dos bolos, é acrescentado um grilo seco.

O proprietário do espaço, Thomas Micolino, já é conhecido pelas suas criações geladas, no mínimo, originais. Entre as propostas atípicas destacam-se o gelado de salsicha de fígado, de queijo Gorgonzola ou o banhado a ouro.

Em declarações à agência alemã dpa, o criador disse que é uma pessoa muito curiosa e que quer experimentar tudo. “Já comi muitas coisas, algumas muito estranhas, e os grilos eram algo que queria experimentar. Neste caso, também sob a forma de gelado.”

A novidade é feita com farinha de grilo, creme de leite, extrato de baunilha e mel. Já os grilos inteiros são usados como topping. Micolino conta que as reações dos clientes não têm sido consensuais, mas a aposta tem funcionado bem. Se, por um lado, existem pessoas que ficam “enojadas” e até “chateadas” quando vêm o sabor na montra, por outro, também há quem prove por curiosidade e até gostam. “Aqueles que provam ficam muito entusiasmados. Tenho clientes que vêm aqui todos os dias e compram uma bola”, acrescentou.

Ainda que estes bichos nunca tenham feito parte da cozinha nacional, em algumas regiões do mundo são considerados uma iguaria. E a verdade é que os insetos comestíveis têm ganho cada vez mais fãs.

Em 2021, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) incluiu Portugal no período transitório da União Europeia para a produção, venda e consumo de produtos alimentares que contenham sete espécies de insetos. Isto significa que, a partir de junho do ano passado, deixou de ser preciso viajar até destinos exóticos para provar grilos, larvas ou gafanhotos.

Segundo a DGAV, estes insetos inteiros, não vivos, ou moídos em farinha já podem ser comercializados, mas o mesmo não se aplica a “partes ou extratos” dos mesmos. As espécies em causa são Acheta domesticus e Gryllodes sigillatus (duas espécies de grilos); Alphitobius diaperinus (besouro); Apis mellifera male pupae e Tenebrio mollitor (duas espécies de larvas); e Locusta migratória e Schistocerca Gregaria (duas espécies de gafanhotos).

No entanto, a DGAV ressalva que, segundo a Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos – EFSA, várias espécies de insetos podem “causar alergias ou alergias cruzadas, especialmente para quem sofre de alergia a marisco. Assim, é importante que os consumidores sejam claramente informados na rotulagem e na comercialização, que o alimento contém insetos e de que espécie são.” Quanto à importação, esta só pode feita a partir do Canadá, Suíça, Coreia do Sul, Tailândia e Vietname.

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