Depois de três anos a trabalhar em padaria e pastelaria em Londres, no Reino Unido, João Bayer Lopes, 33, anos, despediu-se e regressou a Portugal, mas já com ideia de partir novamente. Desta vez o destino seria Espanha ou França, tudo para continuar o seu percurso profissional. A pandemia obrigou-o a ficar por cá, mas não se deixou parar. Juntamente com a irmã, Inês, criou o Catastrófico, um projeto de honest food, com pratos criativos preparados com ingredientes que chegam de uma quinta própria onde vive, perto do Porto.
“Já era jovem agricultor e sempre trabalhei na área, apesar de já ter feito caterings pontuais para família e amigos não tinha um negócio próprio”, explica João à NiT. O empurrão foi feito pela irmã, Inês Bayer Lopes, 36 anos, que faz trabalhos de freelancer ligados à área do marketing e da fotografia. “Está constantemente a pensar em marcas e negócios, e rapidamente os cozinhados para a família se transformaram em catástrofes.”
Na quinta onde vive, perto do Porto, tem uma cozinha espaçosa, uma horta e faz ainda criação de animais. “Com tudo biológico, tinha as condições perfeitas para trabalhar com calma, focar-me em cozinha criativa e aproveitar as pessoas estarem em casa, numa altura em que valorizam comida de qualidade entregue à sua porta.”
O projeto arrancou no final de 2020, primeiro para os amigos e família confinada que lhe pediam para cozinhar. Mais tarde para todos os que quiseram provar as sugestões que preparava. “São refeições diferentes, confecionadas com ingredientes de muita qualidade, sempre que possível biológicos, direcionada para todos os que apreciam comida genuína. É um conceito de honest food, pois criamos muito daquilo que comemos, e respeitamos o sabor real de cada ingrediente.”
A base da cozinha que usa é muito uma fusão de várias influências que teve nos últimos anos. João sempre trabalhou em restaurantes e o percurso começou por um estágio no Cafeína e no Terra, no Porto. Mais tarde passou por Espanha, num restaurante com peixe e marisco e até teve uma experiência num talho. Antes de seguir para Londres, ainda no Porto começou também por se dedicar às áreas de pastelaria e padaria.
“Inspirei-me no estilo de vida em que cresci, com a preocupação em sabermos o que andamos a comer, na natureza da quinta onde vivo e nos próprios ingredientes.”
Há um menu fixo, a que chamou de Sempre, mas o objetivo é a cada três meses fazer algumas mudanças. E depois tem um semanal, esse a mudar com mais regularidade. Há, por exemplo, a focaccia campestre (8,50€), o rolinhos de queijo (8,50€), os scotch eggs com talharim de courgette e cenoura biológica (20€), o Wellignton veggie (20€), as croquetas de queijo e fiambre ou as de caril (7,50€). Nas sobremesas tem os pain au chocolat (10€) e até um bolo de laranja que dá para seis ou oito pessoas (20€).
O pâté en croute, uma terrine de carnes com massa, e o cookie shot de caramelo, um copo de bolacha com chocolate, avelã, caramelo artesanal e frutos vermelhos, foram algumas das mais recentes criações de João.
“A minha cozinha é uma cozinha contemporânea de fusão com várias influências, principalmente francesa e asiática, mas também portuguesa. Tem uma forte influência de padaria, por isso diria que a fusão de pratos de diversos sabores e massas de padaria são a minha imagem de marca.”
O nome do projeto veio também da irmã. “Todo o processo de cozinha é catastrófico: corta-se, parte-se, esmaga-se, queima-se, usam-se facas, machados, martelos. E por fim, quando a comida é boa e acabamos de comer, temos sempre aquela imagem catastrófica de um prato vazio, apenas com algumas migalhas ou destroços.”
Começar um projeto em altura de pandemia não o assustou e até foi algo que fez sentido nesta altura. “É interessante, porque encaixa perfeitamente no nosso conceito. Porque nascemos para produzir e entregar o produto ao cliente e a pandemia foi o que propiciou o desenvolvimento do negócio.”
Os pedidos podem ser feitos através da página de Instagram. Todas as sextas-feiras faz entregas no Porto. Chega ainda às zonas de Paredes e de Penafiel aos sábados.
É na quinta que vai continuar a cozinhar. João tem até a ideia de criar workshops onde os clientes podem colher os produtos e cozinhar, numa espécie de supper clubs. Outro dos objetivos é fazer chegar os delivery a mais zonas do grande Porto.