Gourmet e Vinhos

Renat Agzamov era um animal feroz no ringue. Agora é um pasteleiro mundialmente famoso

O russo faz bolos gigantes e dignos de contos de fada. Um exemplar pode custar perto de um milhão de euros.
O lutador tem 43 anos e é uma estrela no mundo da pastelaria.

Renat Agzamov começo a brilhar no ringue de boxe com 10 anos e mais tarde viria a conquistar o título de campeão nacional russo. Com tudo ganho e objetivos cumpridos, aos 22 anos pousou as luvas e decidiu dedicar-se à pastelaria.

O russo começou a cozinhar com apenas sete anos, ao lado da avó. Ao princípio fazia muffins e bolos e com 10 anos já cozinhava o próprio pão. À medida que foi crescendo, conciliava o tempo nos ringues com as aulas e na cozinha. Quando se reformou antecipadamente, decidiu recuperar o gosto da culinária e inscreveu-se na Faculdade de Hotelaria de Sochi, no curso de pastelaria, para conseguir destacar-se no mundo feroz do cake design. Começou por fazer propostas mais simples e foi evoluindo até criar verdadeiras obras-primas com vários metros de altura e impressionantes detalhes realistas.

A precisão e o foco com que termina os bolos são motivo de notícia em todo o mundo. Um de designs mais impressionantes e que serviu de rampa de lançamento para o falatório nas redes sociais ​​foi um bolo de casamento em forma de castelo com mais de quatro metros de altura feito para Madina Shokirova, filha do magnata do petróleo russo Ilkhom Shokirova. A obra pesava 1.500 quilos, o mesmo que um carro.

Foram necessários três homens para carregá-lo e três dias sem dormir para o concluir. O bolo, que, na verdade, parecia um castelo de princesas saído de um conto de fadas, tinha detalhes tão minuciosos e irrealistas como uma carruagem puxada por cavalos, que se movia numa plataforma, janelas em arco e estatuetas.

Aos 43 anos, o russo é o mais recente fenómeno no que toca a estruturas comestíveis. Outra proposta que mereceu destaque pelo aspeto realista foi um bolo com três camadas de chocolate e moldado à forma de um extraterrestre que saliva caramelo. Na secção de comentários nas redes sociais, os fãs não deixam de reparar no talento do “génio culinário”. Muitos dizem que está a “redefinir a arte da pastelaria”.

Os bolos do russo são feitos seguindo o método Brickwork, em que a massa, depois de sair do forno, é cortada em cubos que são depois mergulhados, separadamente, no recheio escolhido pelo cliente. A seguir, como se uma empreitada de construção civil se tratasse, o pasteleiro vai colocando os tijolos, colando-as com o creme de pasteleiro para formar a estrutura pretendida. No final a obra é banhada com uma ganache fina de chocolate com cerca de dois milímetros para ser facilmente cortada com uma faca.

Assim que a estrutura está pronta, Agzamov passa para a decoração com os materiais pedidos pelos clientes. Podem ser desde anjos, a flores, grinaldas ou mesmo personagens de desenhos animados. A massa do bolo e o recheio podem também ser escolhidas pelos clientes.

Outra obra grandiosa.

No seu site, o russo deixa alguma das suas propostas, como o bolo de mel, feito com uma receita de 1957 com mel e trigo-sarraceno embebido em natas. Os fãs de frutos vermelhos podem ainda pedir o Raspberry Chiffon, um bolo feito no vapor com gemas batidas e creme pasteleiro, com adição de gelado de baunilha e framboesas frescas. Na onda do chocolate, o chef sugere o Ferrano, com um recheio de chocolate feito com variedades exclusivas de chocolate belga, com adição de leite condensado, queijo mascarpone e profiteroles recheados com mousse de chocolate.

Embora o pasteleiro seja conhecido pelas obras gigantes, com designs exuberantes e originais, também cria propostas mais pequenas, simples e igualmente peculiares, conforme o orçamento de cada cliente.

As origens

Agzamov começou a cozinhar, ainda em miúdo, ao lado da avó. Em simultâneo começou a lutar boxe e a participar em campeonatos. Na altura de escolher o rumo profissional optou por estudar na escola de culinária de Krasnodar. Porém, quando completou 18 anos, alistou-se nas Forças Armadas, tendo sido dispensado dois anos depois. Voltou aos ringues, mas foi por pouco tempo. O pai adoeceu e teve de deixar de trabalhar. Teve de escolher entre a paixão e o dever de ajudar a família.

Quando deixou boxe, voltou ao hobby de miúdo. Começou a trabalhar numa pastelaria e, em simultâneo, aceitou um emprego não renumerado numa pastelaria em Krasnogorsk para aprender mais técnicas. “Em seis meses, troquei sete vezes de emprego para ganhar conhecimento. Não foi totalmente justo, mas eu estava tão obcecado em aprender que não poderia ter expandido as minhas habilidades de outra forma”, disse, citado pelo “The Times”.

Em 2002 venceu o concurso de pastelaria de Krasnodar e desde aí nunca mais parou de subir a pódios. Focado em tornar-se no melhor num novo ringue, regeu-se por um lema: “Nunca pares enquanto não alcançares o melhor. Tenta sempre ser o melhor”. Foi por si próprio até conseguir alcançar patamares que poucos conseguiram, como quando fez um bolo com um coração gigante que pulsava e jorrava caramelo, conseguido através duso de uma tecnologia inovadora que adaptou para o bolo.

Entretanto, lançou um concurso na televisão nacional russa chamado “Pasteleiro”. As audiências do programa dispararam e o segmento foi renovado para várias temporadas. Em 2020, publicou o livro “Agzamov em Chocolate”.

Carregue na galeria para descobrir mais bolos incríveis deste pasteleiro russo.

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