Gourmet e Vinhos

Os rótulos dos vinhos vão ter mensagens como as do tabaco, mas Portugal está contra

Bruxelas já autorizou a Irlanda a acrescentar avisos sobre os riscos para a saúde nas garrafas das bebidas alcoólicas. A medida poderá ser alargada a outros países.
Portugal está contra a proposta.

Os rótulos das garrafas de vinho vão passar a ter imagens e mensagens que alertam para eventuais problemas de saúde relacionados com o seu consumo. Pelo menos, na Irlanda. A ideia será fazê-lo de forma idêntica ao que acontece nos maços de tabaco. Portugal, porém, é um dos nove países produtores de vinho da União Europeia a contestarem esta decisão da Comissão Europeia.

“Portugal já tomou uma posição pública, sendo contra aquilo que a Irlanda está a propor. Não faz sentido fazer esse nível de especulação através da rotulagem”, afirmou a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, (citada pelo jornal “Público”), que esta segunda-feira, 30 de janeiro, esteve à conversa — de forma informal — com os seus homólogos de Itália, França, Espanha e Grécia, em Bruxelas.

A medida irlandesa faz parte de um conjunto de obrigações previstas na legislação de saúde pública para a redução do consumo de álcool no país, aprovada em 2018, e que também estabeleceu preços mínimos no retalho para todo o tipo de bebidas alcoólicas.

Com a autorização de Bruxelas, o ministro da Saúde irlandês, Stephen Donnelly, pode agora publicar a regulamentação da medida. Ou seja, a partir de 2026, todos os rótulos de bebidas alcoólicas terão de conter avisos, em letras vermelhas, de que “beber álcool provoca doenças no fígado” ou que “há uma ligação direta entre o álcool e cancros fatais”.

A Comissão está também a trabalhar numa proposta semelhante incluída no conjunto de diretrizes para a Luta contra o Cancro. O tema será formalizado até ao fim deste ano, mas continua a ser polémico, já que a alteração das disposições de rotulagem tem implicações no comércio e na livre circulação de produtos no mercado único.

Segundo Maria do Céu Antunes, os Estados-membros que se opõem a esta alteração “estão a preparar um documento para fazer chegar à Comissão” com os seus argumentos e “toda a informação necessária” para esclarecer o executivo comunitário “de quais são as consequências desta proposta”.

“Estamos a trabalhar juntos para contrariar [a Comissão] e para defender o que é melhor para os nossos agricultores”, garantiu a ministra. Adianta ainda que a fileira do vinho é “um ativo muito importante para a economia portuguesa”, representando quase mil milhões de euros de exportações.

Além de ter um “impacto muito positivo do ponto de vista social e ambiental, fixa pessoas e gera riqueza em cada um dos territórios”. Maria do Céu Antunes assegura ainda que todos “sabem bem que o vinho consumido com moderação faz parte da dieta mediterrânica”. Por isso mesmo, considera que o necessário é  fazer campanhas de sensibilização.

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