Há muito que o valor dos vinhos portugueses é reconhecido internacionalmente, sendo comum vê-los conquistar prémios e elogios de especialistas um pouco por todo o mundo. No entanto, o número de exportações destas referências, sobretudo para os Estados Unidos e Reino Unido, tem atingido proporções ainda mais astronómicas.
Se durante muito tempo eram “um segredo bem guardado”, com uma boa relação qualidade/preço, agora “estão em todo o lado”. Quem o afirma é o crítico Jancis Robinson, num artigo publicado este sábado, 20 de maio, no jornal “Financial Times”.
Robinson elogia a cultura vinícola do nosso País pela sua originalidade e qualidade e elenca alguns dos motivos que levaram muitos sommeliers internacionais a valorizarem as referências nacionais. “A variedade de castas autóctones, combinada com uma vinificação radicalmente melhorada e uma reputação pouco consolidada”, eram algumas das razões que levavam o crítico a recomendar os ainda pouco conhecidos vinhos portugueses.
Atualmente, o cenário mudou radicalmente — e os números refletem isso mesmo. Nos últimos cinco anos, as vendas de garrafas com assinatura nacional aumentaram entre 65 a 70 por cento, de acordo com Maxwel Working, da importadora norte-americana Skurnik.
Se antes o vinho verde era um dos preferidos dos estrangeiros, agora, o leque de variedades consideradas atrativas é mais vasto. Existe um interesse cada vez maior nos tintos, por parte dos nova-iorquinos que estão atentos às tendências. Destacam-se as referências da região da Bairrada, nomeadamente as produzidas por Filipa Pato & William Wouters.
Por trás do fenómeno, está sobretudo o aumento dos turistas anglófonos nas cidades de Lisboa e do Porto (destinos cuja atratividade é comparada pela publicação com a espoletada por Santorini, na Grécia) que tem levado ao aparecimento de bares, feiras e importadores especializados em vinho de mesa português.
“Os nossos clientes estão agora definitivamente mais recetivos ao vinho português. E os consumidores estão mais à vontade para experimentar e recriar a diversão que tiveram nessas cidades”, reforça Raymond Reynolds, o principal importador das referências nacionais no Reino Unido.
Da colheita Legado, da Sogrape, aos alentejanos Symington Family Estates, passando pelas garrafas da Quinta da Fonte Souto, Esporão e Howard’s Folly. A lista de vinhos a provar torna-se ainda mais emocionante devido às empresas que se dedicam a produções de pequena escala com um toque diferenciador.