Portugal não só aprecia bons vinhos como os produz. Ainda assim, as importações deste produto têm vindo a aumentar. De acordo com as estatísticas da OIV — Organização Internacional da Vinha e do Vinho sobre o setor em que atua, Portugal está a importar cada vez mais deste produto. Só no ano passado, face a 2020, as compras de vinho no estrangeiro aumentaram, em sete por por cento, atingindo os 2,9 milhões de hectolitros. Na última década, o crescimento das importações foi de 61, cita o “Expresso”.
Sabemos que a notícia pode soar estranha, até porque, nota o mesmo artigo, o País tem a nona maior área de vinho do mundo, é o 10.º produtor mundial de vinho e conserva consumidores fiéis entre os portugueses na hora de comprar uma garrafa.
Frederico Falcão, presidente da Viniportugal, garante mesmo que “ao contrário do que acontece noutros mercados europeus, já habituados a importar muito vinho engarrafado, os portugueses continuam a ser clientes fiéis dos rótulos nacionais”.
Porém, dizem os números, Portugal tem a quota de importação de vinho a granel mais elevada do mundo. Segundo o especialista, a preferência por rótulos nacionais na hora de comprar vinhos engarrafados, pode ser a justificação das crescentes importações a granel. Explica: “não compramos vinho engarrafado a outros países. O que acontece é que a distribuição está a comprar vinho a granel, em Espanha, para vender em “bag-in-box” (num segmento de preço baixo), como produto da União Europeia”, explica Falcão.
Portugal apresenta, igualmente na quota de importação direta de “bag-in-box”, um valor elevado: em volume, 11 por cento do vinho importado chega em caixas, uma percentagem apenas ultrapassada pela Alemanha (15 por cento). Em valor, o país posiciona-se na terceira posição, com as caixas a responderem por 5 (por cento) das importações, atrás dos 8 por cento da Alemanha e da África do Sul.
“Se a produção média em Portugal ronda os 6 milhões de hectolitros (7,3 milhões em 2021), o consumo interno passa os 4,5 milhões e as exportações estão acima dos 3 milhões, há aqui uma fatia que fica em aberto e está a ser preenchida pela importação de vinho a granel”, considera o presidente da Viniportugal.
No ano de 2020 —os últimos números disponibilizados no que diz respeito à quantia gasta — Portugal gastou 166,2 milhões de euros em importações, o que corresponde a cerca de 20 por cento do valor das exportações (856,2 milhões). O valor representa ainda um salto de 100 por cento em 10 anos. Na comparação do preço médio por litro, a importação fica nos 0,40€, enquanto a exportação está nos 2,72€.
Apesar das elevadas importações de vinho a granel em euros (50 por cento), Portugal não está no top 10 dos maiores importadores do mundo.