Por estes dias, é quase impossível tomar nota dos preços dos alimentos. A cada semana, os valores disparam e tornam o custo de vida cada vez mais elevado. E não são só os preços nos supermercados que têm aumentado. Também noutros setores, como no da saúde e dos combustíveis. A verdade é que a escalada da inflação está tornar o cenário quotidiano assustador para a maioria dos portugueses.
Portugal é dos países da União Europeia em que a subida dos preços dos produtos alimentares está acima da taxa de inflação geral. Dados recolhidos pelo jornal económico espanhol “Cinco Días” revelam que, entre maio e agosto, esta diferença entre a inflação geral e a dos alimentos foi de 4,84 por cento.
Na prática, isto significa que os preços dos bens alimentares sobem mais que os restantes. Isto faz com que Portugal se encontre em terceiro lugar entre os vários Estados-membros com uma maior inflação neste setor. A Alemanha lidera a lista, com 7,27 por cento, seguida pela Suécia, com uma diferença de 5 por cento. A média na União Europeia (UE) é de 5,24, de acordo com o mesmo jornal.
Segundo dados divulgados na semana passada pelo Eurostat, os preços dos bens alimentares em território nacional aumentaram 16,2 por cento em outubro, acima da média da zona euro. Em comparação com o mesmo período de 2021, os alimentos estão 8,8 por cento mais caros a nível nacional.
“Comprar um cabaz de bens alimentares essenciais exige atualmente um gasto de 209,98€. Este valor corresponde a mais 14,35 por cento face ao registado na véspera do início do conflito armado com a Ucrânia”, diz DECO Proteste. Desde 23 de fevereiro que a organização de defesa do consumidor monitoriza, todas as quartas-feiras e com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais. Atualmente, é preciso gastar mais 26€ é para adquirir os mesmos produtos do que em fevereiro.
“Os laticínios e a carne são os alimentos que mais aumentaram nos últimos nove meses — 21,01 e 20,08 por cento, respetivamente. No entanto, os aumentos têm-se feito sentir em todas as categorias alimentares analisadas. No período estudado, as frutas e os legumes, as mercearias, o peixe e os congelados viram os seus preços subir 13,88, 13,59, 11,47 e 11,18 por cento, respetivamente”, pode ler-se.
Ainda que os custos tenham diminuído nas últimas semanas — já que em outubro o preço do cabaz atingiu o valor recorde de 214,30€ —, a tendência não será decrescente. Segundo especialistas citados pelo jornal “Cinco Días”, é “improvável uma queda para os valores de há um ano”.
Os bens alimentares podem ficar ainda mais caros”, acompanhando a evolução dos preços da energia, de acordo com o aviso do Banco Mundial. Embora a instituição financeira estime uma queda dos preços da energia de 11 por cento em 2023 e 12 por cento em 2024, estes manter-se-ão acima dos valores anteriores à guerra na Ucrânia. Nos próximos dois anos, o preço dos alimentos deverá acompanhar o da energia.