Os clientes dos supermercados estão cada vez mais descontentes e as acusações de “publicidade enganosa”, “práticas desleais” e “subidas de preços absurdas” multiplicam-se. Numa altura em que as más práticas — que colocam em causa possíveis crimes de especulação — levaram o governo português a garantir querer “intensificar a ação de fiscalização ao nível dos produtos alimentares”, o cenário em França é diferente. Depois de chegar a acordo com as maiores cadeias de supermercados do país, o executivo francês estipulou que vários alimentos seriam vendidos ao preço mais baixo possível.
A medida anunciada esta segunda-feira, 6 de março, pelo ministro das Finanças, Bruno Le Maire, estará em vigor durante três meses. A partir de junho, a situação será reavaliada e poderão pedir a grandes fornecedores de bens de consumo que renegociem os preços com os grossistas, acrescentou.
Quanto aos produtos em questão, serão os próprios pontos de venda a escolhê-los. O objetivo é ajudar os franceses a fazerem face ao aumento dos preços devido à inflação. Os descontos, porém, vão custar aos retalhistas “centenas de milhões de euros”.
O cabaz alimentar básico anti-inflação é o mais recente esforço do governo francês para apoiar os cidadãos com baixos rendimentos. Inicialmente, tentaram criar uma lista com os alimentos que todos os supermercados deveriam vender o mais barato possível. No entanto, os retalhistas opuseram-se à proposta de executivo liderado por Emmanuel Macron, uma vez que queriam decidir que produtos seriam vendidos de acordo com as condições impostas.
No domingo passado, o grupo Carrefour anunciou que a partir de 15 de março irá disponibilizar 200 produtos a menos de 2€, sendo que os preços ficarão “congelados” até dia 15 de junho. O rival Casino anunciou também que vai baixar o preço de 500 alimentos a partir da mesma data, ficando a custar menos de 1€.
Em França, a inflação subiu para 6,2 por cento em fevereiro (mais duas décimas face a janeiro), em parte devido ao preço dos alimentos. De acordo com o instituto de estatística do país, o aumento dos bens alimentares entre fevereiro de 2022 e o mesmo mês deste ano é de 14,5 por cento, em comparação com a subida homóloga de 13,3 por cento registada em janeiro.