Já Carmen Miranda colocava a questão: afinal, o que é que a baiana tem? Respostas, haverá muitas, mas uma coisa é certa, a comida tem algo de muito especial. Pretexto perfeito para mergulhar na magia da comida da Bahia, a pretexto do Tempero Brasil, o festival de cultura e gastronomia que viaja diretamente do outro lado do oceano até Lisboa e Cascais.
Naquela que será a primeira edição do evento em Portugal — conta já com 21 edições no Brasil —, pode contar com muitas surpresas à mesa dos restaurantes aderentes, mas também eventos culturais que procuram fazer a ponte entre as duas culturas. O Tempero Brasil arranca a 11 de novembro e prolonga-se até ao dia 20 deste mês.
“O festival surgiu em Praia Forte, na Bahia, e tem a chef Tereza Paim como fundadora”, explica à NiT Djanira Dias, responsável pela organização do evento. “Começou como um circuito nos restaurantes da vila e tem sempre um tema que procura valorizar um ingrediente local. Já foi o côco, a cachaça, a farinha ou a mandioca.”
Entretanto, foram surgindo os planos para trazer o festival até Portugal, uma ambição que foi momentaneamente travada pela pandemia. “O plano é chegar a Portugal devagarinho, mas com muita personalidade. Queremos fazer um evento igual ao do Brasil, fazer crescer o número de restaurantes”, conta Djanira Dias.
À frente das operações estão dois representantes icónicos das respetivas culturas gastronómicas. Do lado português, o inevitável chef Vítor Sobral. Do lado brasileiro, a chef Tereza Paim. Como curadores, irão preparar um evento que tem como tema “Brasil e Portugal — Uma Mistura de Sabores”.
Isso significa, desde logo, que os seis restaurantes aderentes irão adicionar um prato muito especial ao seu menu. Cada chef convidado irá criar uma receita inspirada no tema do festival, que depois poderá ser provada à mesa durante a duração do evento. Entre os restaurantes convidados está O Boteco, do chef Kiko, o Lota da Esquina, o Tasca da Esquina, o Palaphita, o Quiçá! e o Dali Cozinha Surreal.
No Dali, por exemplo, pode contar com um Vatapá à Algarvia. Já na Lota da Esquina, o prato estrela para esta edição é a Moqueca de Camarão e Bacalhau.
Esta fusão saborosa não termina por aqui. Vítor Sobral e Tereza Paim serão os anfitriões de um show cooking especial, que irá decorrer na Casa Brasil Centenário — no número 12 da Avenida da Liberdade, em Lisboa —, a 12 de novembro, pelas 16h30. Apesar de gratuita, a participação exige inscrição prévia.
Nem tudo gira em torno da comida. “Tem um lado cultural, com atrações locais, cortejo de baianas, shows instrumentais. Apostamos também em pequenas feiras de arte, moda e design”, nota. “O sucesso fez o evento crescer e saltou da Praia do Forte para a capital, Salvador, onde já se realizaram cinco edições.”
A provar que o Tempero Brasil não é só uma festa com muita comida, a vertente cultural do festival traz, a 13 de novembro, um concerto gratuito ao anfiteatro do restaurante Palaphita, em Cascais. A partir das 14h30, sobem ao palco o projeto Brazil Afro Symphonic, com Armandinho Macedo na guitarra baiana; e os Olodum New Generation, que juntam o maestro Yacoce Simões, Luciano Maia e o português Acácio Barbosa, na guitarra portuguesa. Por fim, o baterista Márcio Dhiniz apresentam um show assente nas raízes brasileiras, com muito frevo e samba reggae.
