Como muitos milhares de ucranianos, Alona Babko viu a guerra interromper a sua vida na Ucrânia. Após a invasão russa, a jovem de 31 anos ainda se manteve pelo país durante um ano, a fazer trabalho voluntário, até que decidiu partir. Na memória guardava imagens de Portugal, que visitara em 2019, durante umas férias.
“Apaixonei-me pelo mar, pelo marisco. Fiz a minha primeira tatuagem em Lisboa”, recorda. À sua espera tinha uma série de amigos que tinham já trocado o cenário do conflito pela pacatez portuguesa. O plano passava por ficar um ou dois anos, mas não queria ficar parada.
A prova de que não ficou está no novo bar da rua das Flores, o Sino Bar, um “espaço com identidade ucraniana” e “alguns detalhes portugueses”. Uma experiência diferente para a ucraniana que trabalhava como responsável pela comunicação de uma empresa de informática na Ucrânia.
“Foi um amigo que me trouxe pela primeira vez à Praça das Flores, beber um copo de vinho. Estava tudo na praça a beber e gostei imenso do ambiente. Assim que cheguei a casa fui procurar locais na zona”, conta. Encontrou uma pequena loja “sem água, isolamento, luz”, o que se revelou um desafio. Dormiu sobre o assunto e, ao fim de dois dias, fechou negócio. Juntou alguns amigos como investidores e pôs mãos à obra.
As portas do bar abriram-se em julho e é também uma espécie de homenagem ao seu país. “Quero mostrar que a Ucrânia não é só guerra. Temos uma enorme história, uma cultura interessante, muitos bons artistas”, frisa. Tanto que o bar está cheio de obras assinadas por ucranianos, como o mural colorido do pátio interior, feito por Sestry Feldman.
Sino em ucraniano significa feno, explica enquanto aponta para a palhinha que cobre o teto do espaço. Nas paredes, “muita pedra portuguesa”. “Flores portuguesas, vaso ucraniano… É uma combinação dos dois. O mesmo acontece nos cocktails.”
As bebidas são as estrelas deste bar e combinam sabores frescos com bebidas espirituosas, caso da famosa vodka ucraniana. “Não a bebemos simples, porque assim não tem qualquer interesse. O meu avô fazia vodka caseira e juntava-lhe sempre algumas cerejas ou maçãs, para lhe darem sabor. É isso que também fazemos.”
No que toca a sabores, há cocktails (9€) combinações como manga e canela, morango e menta, uva e alecrim ou licor de cereja e especiarias. Para os menos contemplativos, há shots (3€) de diversos sabores. O tema mantém-se aqui também, com versões de pastel de nata e de borscht. Babko quis também criar uma carta de vinhos naturais portugueses, aos quais juntou várias referências de cerveja artesanal.
Para acompanhar estas bebidas, há pequenos petiscos como azeitonas, frutos secos e pipocas, tudo a 4€. A carta de comidas é ainda um trabalho em andamento, mas prometem boas novidades para breve.
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