Quando Ivo Tavares abriu o restaurante Izcalli com a ex-mulher, em Alcântara, em 2018, as propostas mexicanas tornaram-se um sucesso na capital. A procura passou a ser tanta que o pequeno espaço, onde cabiam menos de 10 pessoas, deixou de ser suficiente para receber todos os clientes. O sucesso inicial não fazia prever que a história do negócio teria um desfecho infeliz.
Três anos após a inauguração, o chef de 39 anos viu-se obrigado a encerrar o espaço por questões de saúde. O stress e o ritmo acelerado do seu quotidiano tornaram-se assoberbantes e, além disso, tinha de ser operado a uma hérnia. Mas ainda não era o fim do conceito.
Em setembro de 2023, Ivo sentiu que era altura para dar uma nova vida ao conceito, levando-o para a Avenida Infante Santo, junto à Estrela. Apesar das mudanças — passou de receber apenas seis clientes em simultâneo para acolher 26 ao mesmo tempo —, parece que a procura não acompanhou o restaurante até esta segunda morada.
Após a reabertura, o Izcalli vai fechar portas definitivamente devido a inúmeros desafios financeiros, entre os quais a pouca procura por parte dos portugueses. O encerramento está previsto para 3 de agosto, mas as reservas mantêm-se abertas até lá.
“Após seis anos incríveis a trazer os sabores autênticos do México a Lisboa e um ano neste local, tomei a decisão difícil de fecharmos as nossas portas”, revelou o responsável pelo restaurante, num vídeo partilhado no YouTube. “Infelizmente, devido a uma combinação de desafios financeiros, falta de procura, investimento insuficiente em comunicação e um difícil clima macroeconómico, já não é possível manter o sonho vivo.”
O percurso profissional do empreendedor começou na gestão de condomínios, passando depois para o departamento financeiro de uma empresa de construção. Quando tinha 26 anos, decidiu fazer um curso de cozinha em Lisboa, e a sua carreira ganhou um novo rumo.
Estagiou em Londres e Espanha e abriu um restaurante português em Taiwan, mais especificamente na cidade de Taipei. Em 2014, viajou para a Cidade do México, onde ajudou a abrir um empreendimento com comida local e ficou completamente rendido.
Uns meses depois, voltou a viajar para Londres, onde abriu um negócio que se focava no mesmo tipo de pratos. Quando regressou ao nosso País, em 2017, sentia-se “mais que preparado para abrir o Izcalli”, contou à NiT, aquando da reabertura. “Também queria ser o meu próprio chefe”, acrescentou, a brincar.
Em ambas as moradas, apostava na “cozinha mexicana e sabores tradicionais, mas com uma roupagem ligeiramente diferente, graças às técnicas mais contemporâneas”. Os pratos eram servidos num espaço com alguns elementos decorativos típicos daquele país, como quadros ou máscaras que trouxe de lá. No fundo, quer que os clientes se sintam em casa.
Quanto ao nome, “‘calli’ significa casa na antiga linguagem asteca”. “Tudo foi pensado para ir ao encontro deste mesmo conceito”, garante Ivo, que atualmente gere o restaurante sozinho.
O menu do restaurante ficou conhecido por mudar constantemente — a cada dois meses, para sermos mais específicos. Outro dos diferenciais é que quilo que as pessoas provam mantem uma surpresa até lá chegar, porque não há qualquer carta que possa ver online.
“A nossa base de cliente é, por enquanto, muito pequenina, mas todos gostam de regressar e provar coisas diferentes. Queremos que se tornem fiéis tal como acontecia em Alcântara”, refletiu o fundador, em entrevista à NiT. Infelizmente, o desejo não se viu cumprido, mas o proprietário tem esperança de que a despedida não seja definitiva.
No Izcalli, a ementa é sempre composta por quatro momentos diferentes com um custo fixo de 50€. Os portugueses têm as próximas semanas para descobrir os encantos deste espaço.
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