O arroz de sarrabulho é um prato que provoca reações distintas: enquanto alguns o adoram, outros recusam prová-lo só pelo aspeto. As receitas tradicionais incluem sangue e carne de porco, vaca e galinha desfiada, além de cominhos, com chouriço e outros ingredientes. Com frequência, é servido com rojões e enchidos.
Este prato, rico em sabor e bastante pesado, começou por ser preparado durante a época da peste negra, que levou à morte de milhares de pessoas vítimas da pobreza e da fome. Naquela época, muitas famílias do Minho encontraram uma alternativa para o desperdício: coziam o pão com o sangue que sobrava da matança do porco, oferecendo essa comida aos mais necessitados. Assim nasceram as primeiras papas de sarrabulho, que mais tarde deram origem ao famoso arroz de sarrabulho.
Com o fim da peste, os alimentos começaram a tornar-se mais abundantes e ingredientes como farinha de milho, o arroz, a galinha, porco e enchidos foram adicionados à receita. Atualmente, o arroz de sarrabulho é um dos pratos mais populares da região.
A especialidade é, no entanto, atribuída a uma cozinheira local, Clara Penha, e rapidamente se tornou prato omnipresente nas mesas da região, sublinha a Confraria Gastronómica do Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima. Hoje é sinónimo da gastronomia minhota e sobretudo de Ponte de Lima.
Contudo, existe um aspeto tradicional a respeitar: segundo a crença popular, a Lua deve estar em quarto crescente no momento da matança do porco, pois o sangue obtido será a base para esta receita típica do Minho.
A preparação do arroz de sarrabulho é um processo que exige dedicação. As carnes são desfiadas e, em seguida, cozidas com o pão e o sangue durante várias horas. Quando atinge o ponto ideal é servido acompanhado de rojões à minhota.
Devido à natureza “pesada” do prato, tradicionalmente, o arroz é confecionado sobretudo no inverno. No entanto, também é preparado em outras épocas do ano, especialmente durante o fim de semana das Feiras Novas, um dos eventos mais emblemáticos de Ponte de Lima, que atrai milhares de visitantes de todo o País à vila minhota.
Esta festividade é a última grande celebração popular do verão e é considerada o “maior congresso cultural ao vivo em Portugal”. Com mais de 200 anos de história, a romaria inclui concertinas, bombos, cabeçudos e tradições religiosas em homenagem a Nossa Senhora das Dores, atraindo anualmente milhares de jovens, à semelhança de um festival de verão. Este ano, decorre de 4 a 9 de setembro, de quarta a domingo.
Se tiver a oportunidade de visitar Ponte de Lima, aproveite para saborear o famoso arroz de sarrabulho em alguns dos estabelecimentos típicos da vila.
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