“Camilo Castelo Branco foi um dos maiores escritores da língua portuguesa. Hoje estaríamos a celebrar o seu 198.º aniversário e, daqui em diante, esta data irá também ser lembrada como o início de um sonho onde o amor é o prato principal. A rua, que outrora foi palco de um capítulo da sua vida, contará agora a história de uma forma gastronómica com combinações únicas. O Camilo será um lugar especial.” Foi desta forma que se anunciou a abertura de um novo restaurante no Porto.
A Rua do Almada, na baixa da cidade, viu passar ao longo dos anos diversas figuras conhecidas. Mas nenhuma deixou uma marca tão forte como Camilo Castelo Branco — pelo menos, para Margarida Osório (de 31 anos) e Bernardo Maciel (de 47).
“Pensámos na história de amor de Camilo e Ana Plácido, que viveu neste mesmo edifício, e quisemos traduzir essa relação de encontros e desencontros para o prato. Juntámos ingredientes que, à partida, não são vistos juntos, procurámos relações inusitadas e sabores contrastantes para chegar àquilo que, para nós, é comum à história de Camilo e Ana e à gastronomia: amor e perdição”, começam por explicar à NiT.
A história é famosa e ficou gravada na memória coletiva da Invicta: a relação apaixonada de Camilo e Ana era também uma relação adúltera, condenada pela sociedade da época, feita de encontros e desencontros na Rua do Almada, à passagem pelo número 378. Para os dois sócios, naturais do Porto, não faria sentido abrir o restaurante num outro lugar.
Quem entra no Camilo desde 18 de março encontra, entre 60 lugares, um espaço simples e minimalista — “onde a experiência gastronómica é o centro de todas as atenções”. Na cozinha, é o chef Diogo Coimbra (de 28 anos) quem manda.
É também ele o responsável por tudo aquilo que chega à mesa. Seja o alho francês, com molho mornay e presunto (12€), a cavala com gaspacho lacto fermentado e tártaro de tomate (13€) ou o leitão com cogolho grelhado e maçã verde (15€).
“Entre os pratos principais, há uma amplitude de sabores por explorar”, garantem. No capítulo do peixe, há lugar para pregado grelhado com agnolotti e caldo de churrasco (25€) ou para o bacalhaucom grão-de-bico e pil-pil (28€). Mas é o peixe grelhado mais fresco do dia, trazido diretamente da lota, que rouba a cena, acompanhado por arroz de tomate fumado e bivalves (30€).
Nas carnes, o magret de pato (29€), a maminha (25€) e o lombo de borrego (31€) são apresentados na companhia de purés — de pastinaca, de tupinambo e de ervilha, respetivamente. Há ainda uma proposta vegan que promete ser um destaque: couve-flor, molho de amêndoa e feijão branco (21€).
“A carta apresenta, ainda, dois pratos para partilhar sob o verdadeiro espírito de festa e boémia dos grémios literários do século XIX — sem esquecer, contudo, o toque contemporâneo e inventivo da cozinha do Camilo.” São eles a paella socarrat com polvo e aioli de alho negro (60€) e o entrecôte maturado 45 dias (75€)
Para fechar a história, o capítulo das sobremesas apresenta quatro opções: ananás e coco (8€), chocolate (8€), tarte de pera (9€) e mil folhas de café e mascarpone (8€).
“No Camilo, temos a responsabilidade de estar numa rua histórica, cheia de vida. E, por isso, queremos projetar os nossos melhores produtores através de uma cozinha inventiva, aberta ao mundo. Um espírito de viagem que é o alicerce para qualquer boa história”, explica o chef.
Sobre as expetativas, os fundadores deixam apenas um desejo: “Que seja entendido como uma experiência. Isto é, que as pessoas que nos visitam percebam todo o enredo da história que queremos contar. Apresentamos um menu com umas opções seguras, outras clássicas e ainda umas improváveis. Entregamos ao cliente um menu que pode ser explorado e moldado por cada um, individualmente ou em par. Todos os nossos pratos têm sugestão de pairing de vinho, que também tem a possibilidade de ser dividido. Queremos manter uma abordagem flexível.”
Afinal, comer — dizem — “é um dos maiores prazeres da vida”. “Cabe a nós, indústria, proporcionar um bom momento gastronómico a um todo e não a uma parte.”
A seguir, carregue na galeria para conhecer o Camilo, novo espaço portuense.
