Lisboa vai ter mais um restaurante dedicado à gastronomia do Japão. Calma, não é mais um espaço com sushi, combinados, sashimi, nigiris ou temakis. O Koppu Ramen Izakaya chegou à capital em 2016 — ao Príncipe Real, para sermos mais específicos — e prepara-se para abrir outro espaço.
Os apreciadores da tradicional sopa asiática já o devem conhecer: no menu só tem pratos quentes e petiscos japoneses, como o ramen, tatakis, baos, espetadas yakitori e gyozas. E, sim, foi o primeiro restaurante de ramen na cidade. “Não havia nenhum espaço dedicado exclusivamente ao prato. Havia apenas alguns que faziam ramen um dia por semana, ou algo do género”, conta à NiT Susana Borges Diogo.
Tem 46 anos, é arquiteta e uma apaixonada pela gastronomia japonesa. Foi um chef e amigo que a incentivou a criar o primeiro restaurante. Quatro anos após inaugurar o segundo, estava na altura da expansão.
“Decidimos abrir um novo espaço pela constante procura dos nossos clientes. Todos os dias tínhamos de rejeitar reservas. Isto porque o restaurante da Rua do Salitre é pequeno e o do Príncipe Real, infelizmente, teve o término do seu contrato no final da pandemia, sem possibilidade de renovação por parte do senhorio. Ficámos sem espaço para receber os clientes que nos procuravam“, explica.
Susana — conta — foi criada numa cozinha. “A minha mãe era pasteleira e sempre adorei cozinhar. O fascínio pela gastronomia aliado ao da cultura japonesa fizeram o resto.” Desde a abertura do primeiro projeto, confessa que a sua vida tem sido uma aventura.
“Há sete anos desafiámos Lisboa e fomos muito criticados — sobretudo devido a um certo desconhecimento. Entretanto, investimos na quantidade e na qualidade, seguindo sempre a linha tradicional japonesa. Sim, sabemos que o ramen teve origem na China, mas a verdade é que os japoneses adotaram-no com o objetivo, como tudo na sua cultura, de o tornar perfeito. Hoje, com uma maior oferta, os clientes já conhecem este prato, mas tornaram-se mais exigentes. Felizmente, os nossos têm-nos acompanhado desde o início”, acrescenta.
Pelo caminho, a chef foi também aprendendo mais sobre a culinária japonesa. Primeiro em Londres, com chefs vindos do Japão, depois em viagens pelo Japão. “Hoje já temos muitos chefes de cozinha japonesas que vêm a Portugal partilhar os seus conhecimentos. E fazemos várias formações por ano, para desenvolver um espírito crítico em relação ao que já cozinhamos e para podermos melhorar.”
Para criar as receitas, Susana conta com a ajuda do chef Rafael Gonçalves. Juntos, decidiram avançar para um terceiro projeto. “Procurávamos um espaço no centro de Lisboa, para dar suporte ao projeto Koppu Ramen + Izakaia do Salitre. Um que fosse suficiente para garantir a oferta com a mesma qualidade e serviço, como se fosse um único restaurante. Queremos que os clientes sintam que têm o mesmo tipo de tratamento em ambos os espaços, e sobretudo consistência.”
Depois de um ano à procura, finalmente, encontraram a loja que cumpria todos os requisitos. Na Rua do Nicolau (na Baixa), o ramen continuará a ser um dos principais destaques do menu. Tem o Ebi Kare, com massa udon, molho de caril japonês, camarão, rebentos de feijão, espinafres, cogumelo preto, ovo, sementes de sésamo e alga nori; o Tan Tan Men, com pasta de sésamo, carne de porco picada salteada, barriga de porco, cogumelos, gengibre e óleo de sésamo; ou o vegetariano, com massa de trigo, alho-francês, tofu, ovo, malagueta, sementes de sésamo e alga nori.
“O ramen é muito procurado durante o inverno. Para o período mais quente, tínhamos de apostar noutro tipo de pratos, mais petiscos, daí o conceito izakaya.” O restaurante do Príncipe Real já tinha algumas propostas do género, mas aqui a oferta é mais variada. Vai pode pedir as gyozas de galinha e vegetais, as de porco com vegetais, as de porco e camarão ou as de vegetais, com molho de ponzu.
O menu inclui ainda baos (os pãezinhos cozidos a vapor, com recheio de galinha marinada ou barriga de porco), asas de galinha fritas com molho de soja; coxas marinadas com alho e gengibre; yakitori, as espetadas de galinha com molho de soja e sementes de sésamo; as saladas frias de pepino, alga marinada em vinagre de arroz; ou os cogumelos salteados com soja, sake, mel e cebolinho.
“A nossa cozinha é marcadamente tradicional japonesa, e vamos continuar neste alinhamento. Vamos ter algumas novidades, como ramen diferentes, mas sempre dentro das regras japonesas.” Pode contar também com algumas entradas, “que no espaço atual não havia condições técnicas para serem feitos”, e propostas vegan e sem glúten.
Os preços dos pratos ainda não estão fechados, mas manter-se-ão alinhados com a qualidade. “Usamos apenas produtos frescos, fermentados importados, como a soja, pasta miso, e katsubushi, que chegam do Japão. Temos caldos que estão 16 horas ao lume, o que, por sua vez, tem também impacto no custo final. Temos muito orgulho em afirmar que produzimos todos os nossos caldos e molhos. Não há cá molhos pré-feitos”, garante.
Com uma decoração sóbria e despojada, o novo Koppu Izakaya, na Baixa, “será acolhedor e transportar-nos-á para os pequenos restaurantes das ruas de Tóquio”. “Menos é mais”, assegura a responsável, acrescentando que irão privilegiar as madeiras naturais.
Não pense, porém, que será tudo igual aos restaurantes anteriores. “As novidades ao nível de ambiente vão ser diferentes. Vamos ter um espaço que nos transporta para os izakaya no Japão, uma espécie de tabernas japonesas onde se bebe sake, cerveja e onde se partilham pequenos pratos. Vamos ter também salas privadas e uma cozinha semi-aberta com uma barra japonesa, onde os clientes poderão assistir à finalização do ramen e das restantes propostas.”
De forma simples, serão 176 metros quadrados de loja, 50 lugares, numa das áreas mais procuradas de Lisboa e com uma enorme circulação de turistas e moradores locais. “A cozinha é cinco vezes maior do que a do espaço irmão e o objetivo é passarem a produzir a própria massa dos ramens durante os próximos meses”, revela a cozinheira.
E agora a pergunta importante: quando irá abrir o novo restaurante Koppu? “Já está tudo pronto. Foram quatro meses muito intensos. Mas só iremos abrir em agosto ou setembro”, acrescenta. Os fãs de ramen terão de se armar de paciência.
Enquanto espera pela novidade, carregue na galeria para ficar a conhecer melhor o Koppu Ramen Izakaya da Rua do Salitre.
