Nos últimos dois anos, quem passava pelo número 12 da rua da Moeda, no Cais do Sodré, deparava-se com a Sacarrabos, uma pequena cervejaria artesanal que chegou à capital no final de julho de 2020. Vinha diretamente de Sines, em Setúbal, onde nasceu, em 2016, e ainda hoje conserva o seu primeiro espaço.
Desde o último 7 de julho, contudo, a proposta que encontra no mesmo local do bairro lisboeta é muito diferente, embora também envolva cerveja artesanal. Chama-se Alba e tem brunch, café de especialidade e cocktails. Paula Pauletti (37 anos) e Rafael Favero (38), gerentes da antiga loja, são também responsáveis por este charmoso projeto — propriedade de Paula Schneider (36) e Carlos Nunes (46) —, que quer conquistar turistas e locais.
A mudança surge da necessidade de se reinventarem. “Percebemos que, na área em que estamos, tem havido um movimento muito maior durante o dia que de noite e a proposta do bar não estava a corresponder às expetativas do tipo de público que ali circula. Então procuramos referências, outros lugares, vimos o que as pessoas na zona pretendiam e criamos o Alba”, começa por explicar Paula.
“O bar de cerveja artesanal ainda é uma experiência muito de nicho, sobretudo em Portugal, e tem concorrentes muito fortes. A Sacarrabos é uma microcervejaria à procura do seu espaço no mercado. Mudamos então todo o conceito, da ementa à decoração e até o nome, claro. Ficaram as torneiras de cerveja, mas esta bebida fermentada já não é o principal produto”, completa.
A nova designação vem, mais uma vez, no sentido de “desvincular o local da ideia de bar noturno. Em alguns idiomas, como o italiano e o português, a palavra ‘alba’ significa a claridade que antecede o nascer do dia. Remete para o amanhecer, a alvorada, pelo consideramos ser a expressão ideal para representar o que queremos: um projeto diurno, em que a pessoa pode passar o dia inteiro, já que há opções para pequeno-almoço, brunch, almoço, lanche e jantar”.
A Avotoast, com abacate, rúcula, tomate cherry e pickles de cenoura no pão tostado (8€), a Granola bowl, com iogurte grego, frutas da estação, geleia de frutas vermelhas, amêndoas e mel (8,5€), e a Açaí bowl, com granola, frutas da estação, amêndoas e mel (7,8€), são opções para um pequeno-almoço.
Quem pretender algo mais composto, pode pedir os ovos Benedict, ovo escalfado, tosta, bacon, molho mostarda, cebola crocante, espinafre e tomate cereja (8,5€), o English breakfast, com salsicha, bacon, ovos mexidos, feijão cozido, cogumelos, tomate cherry e tosta (11,5€), ou o Alba, ovos mexidos ou abacate com cogumelos, húmus, tomate cherry, espinafre, pickles de cenoura, pão pita e molho pesto (11,5€).
As panquecas, clássico indispensável em qualquer brunch que se preze, também não faltam. A representar as doces, tem a Red berries, por exemplo, com coulis de frutas vermelhas, frutas silvestres, gelado de baunilha e maple syrup. Se as preferir salgadas, peça a Ham and egg, com fiambre, ovo estrelado, maple syrup e cebola crocante. Ambas custam 7,5€.
A partir das 13 horas, sanduíches, saladas, hambúrgueres e o incontornável fish and chips — prato típico da gastronomia inglesa que mistura peixe e batatas fritas — são acrescentados à oferta disponível. Para acompanhar há, por exemplo, sumos naturais (3,5€ a 4,5€) e uma série de cocktails. Um dos maiores sucessos, principalmente entre os turistas, é o Porn Star Martini (9,5€), diz Paula. Leva vodka de baunilha, maracujá e abacaxi. O Paloma, com tequila, toranja e xarope de agave (9,5€) também é bastante popular, acrescenta a responsável.
Os cafés de especialidade, feitos com grãos vindos do Brasil e moídos na hora, que pode pedir até às 16 horas, e a cerveja artesanal, disponível todo o dia, que chega até si através de uma das sete torneiras, são outras possibilidades.
À noite, muda a ementa do espaço, com hambúrgueres e pratos para partilhar enquanto se delicia com a decoração instagramável — assim como a comida —, em que se destacam os quadros coloridos e divertidos que preenchem as paredes, as plantas, espalhadas por todos os lados, os candeeiros antigos e as lâmpadas pendentes do teto. A estrela, porém, é uma televisão dos anos 80, logo à entrada, que gera sempre comentários entre os clientes. “Lembram-se de uma que tinham quando eram crianças ou que é igual à da avó”.
Venha a que hora vier, é sempre recebida por Paula e Rafael. O casal de brasileiros, naturais de Porto Alegre, no sul do país, formou-se há 10 anos. Com uma filha de cinco, pensavam mudar-se para Portugal para “uma maior qualidade de vida e tranquilidade” conta Paula. Quando os seus caminhos se cruzaram com os proprietários da Sacarrabos, que os convidaram para a gerir na aventura em Lisboa, a decisão tornou-se oficial. Cerca de três anos depois, o balanço é positivo. E têm mais um filho a caminho.
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