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Restaurantes

Com mais de 60 anos, esta antiga taberna recebe dezenas de lisboetas para provar chanfana de cabra

A Adega do Saloio, em Sintra, foi recuperada para manter a tradição. Tem especialidades como cabrito assado, bacalhau ou cabidela.

Quando entramos num restaurante onde há presunto pendurado no bar, toalhas aos quadrados e cortinados floridos, sabemos que estamos num espaço típico. A Adega do Saloio, aberto há mais de seis décadas, é um dos locais mais tradicionais na zona de Sintra, onde as travessas continuam a chegar cheias à mesa.

O espaço começou como um pequeno tasco, em 1959, pelas mãos de Manuel João e Crisálida, chamado Taberna da Ti Coisadas. Em 1989 ganhou a designação de restaurante e passou a chamar-se a Adega do Saloio, em honra ao passado do proprietário, que percorria 50 quilómetros entre a aldeia em que nasceu e Sintra, para vender no mercado.

Independentemente do conceito, sempre foram servidos os mesmos pratos: cabrito assado ou o bacalhau à Saloia. As receitas típicas, bem confecionadas pelas mulheres da família, valeram a fama ao pequeno restaurante de Sintra, que acabou por expandir para a casa ao lado, para conseguir receber mais clientes.

Os anos passaram-se e a Adega do Saloio continuou a ser um local de referência. Mas a chegada da pandemia, desmotivou a proprietária a continuar. Cansada e já perto da idade da reforma, Crisálida, já viúva, decidiu trespassar o restaurante e é aí que Armando Godinho entra em cena.

O antigo mediador de seguros, era cliente assíduo. Num dos vários domingos em que levou a família a almoçar, soube que o espaço estava em iminência de fechar e decidiu agir. “O meu sogro já tinha trabalhado em restaurantes quando vivia em África e custou-lhe saber que a Adega do Saloio ia fechar. Apesar da idade, decidiu aproveitar o bom negócio e ficou com o espaço”, diz à NiT, Mónica Godinho, gerente do espaço.

Armando, de 81 anos, assumiu o restaurante no final do ano passado, mas decidiu fazer algumas obras de remodelação antes de reabrir a antiga adega, em fevereiro. “Investimos no espaço para transformá-lo, mas sem lhe tirar a essência. Quem cá vem e conhecia o espaço anterior consegue perceber que continua na Adega do Saloio”, explica a nora do proprietário, que também já teve várias pastelarias na zona de Lisboa, antes de assumir a gerência do agora restaurante da família.

A Adega do Saloio tem capacidade para 160 clientes e divide-se por três salas. Na mais próxima da entrada fica um bar onde os presuntos são as peças principais. Ao lado fica outro espaço, conhecido pela lareira que é acesa nos dias mais frios. Assim que se acede ao piso superior encontra-se uma sala ampla, com acesso a um terraço que foi remodelado para aproveitar o verão.

As receitas foram mantidas, com a ajuda dos antigos donos. As filhas de Manuel e Crisálida continuam a visitar o espaço para ensinar a nova cozinheira, Rosa Duarte, a apanhar todos os toques que faziam diferença nos pratos.

No espaço que reabriu em fevereiro, o cabrito assado no forno (18,95€), as espetadas à madeirense (22,50€) e o bacalhau (23€) continuam a ser as estrelas do menu. Além disso, mantiveram os grelhados a carvão, arroz de marisco e as açordas. Mónica vai mais longe e admite que “não há prato tradicional que ali não façam”.

Atualmente, uma das especialidades que leva o restaurante a esgotar é a chanfana de cabra. “Começámos a fazer a chanfana recentemente e sempre que anunciámos que vamos fazer em determinado dia, enchemos a casa”, admite a gerente. O mesmo acontece quando é dia de cabidela. “São pratos que não se encontram em qualquer lado hoje em dia, mas continua a haver procura”, adianta.

E como é que os clientes sabem que é dia destas propostas? “Simples”, responde Mónica. “Anunciámos nas redes sociais e depois o passa palavra faz o seu trabalho.”

De segunda a sexta-feira ao almoço, também é comum ver um grande movimento de entra e sai no espaço. Em parte divide-se ao menu executivo com diferentes pratos do dia, pão, azeitona, café e sobremesa por 16,50€. Ali há sempre duas propostas diferentes para escolher entre carne e peixe. No entanto, existem também as opções à carta para quem preferir. Para acompanhar não faltam sangrias (18€) e vinhos da região de Lisboa e Vale do Tejo, em homenagem à região onde estão inseridos.

No final da refeição, a família deixa os doces antigos brilharem. É o caso da tarte de amêndoa (5,50€), o arroz doce (4,50€) e da tarte merengada de limão (5,50€). No entanto, queriam introduzir algumas novidades e começaram a preparar gelados tradicionais como o de avelã, servido com chocolate quente (5,50€).

Embora queira manter as tradições, também querem reinventar-se e chamar os clientes que ainda não conhecem o espaço em Sintra. Para tal, a nova gerência está a preparar eventos no terraço superior, para o verão. “Vamos organizar sunsets com música ao vivo, cocktails e os nossos petiscos, como as amêijoas à bolhão pato e as gambas al guillo”, refere.

Carregue na galeria para descobrir o renovado espaço de Sintra com mais de 60 anos.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. Álvaro dos Reis 49
    2710-526  Sintra
  • HORÁRIO
  • Quarta a domingo das 12h às 15h e das 19h às 22h
PREÇO MÉDIO
Entre 30€ e 50€
TIPO DE COMIDA
Portuguesa

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