Khorovats, khachapuri, hamest taty, choban, stasivi e kaurmá. Pedir um dos pratos do novo restaurante de Odivelas não vai ser fácil, a menos que seja fluente em arménio — ou que já esteja familiarizado com o primeiro espaço dedicado à cozinha da Arménia em Lisboa.
O Ararate chegou à capital em 2018, e foi uma estreia. Até então, não existia em Portugal um conceito onde os pratos típicos da ex-república soviética fossem protagonistas. A aposta de Karine Sarkisyan foi tão bem-sucedida que a fundadora decidiu expandi-la. “A mesma marca, a mesma autenticidade, num novo contexto: as Colinas do Cruzeiro em Odivelas”, garante.
O novo espaço está em regime de soft opening desde 16 de fevereiro. A localização é outra, mas aquele que continua a ser o único conceito de comida arménia no País, mantém o nome, Ararate. Ali pode provar as sugestões do chef Andranik Mesropyan, que veio para Portugal propositadamente para abrir o original. “Mais uma vez, apresenta pratos tradicionais, que se traduzem numa explosão de sabores fiéis”, acrescentam os responsáveis.
O conceito é o da partilha, e a carta é focada nos melhores produtos da cozinha do Cáucaso, claro. Tudo começou com um casal russo. “Após passarem férias em Portugal, decidiram ficar por cá e abrir alguns negócios de restauração”, explica à NiT Paulo Marques, o gerente do Ararate. Depois do Dom Afonso O Gordo, que fica perto da Sé de Lisboa, e do Cervetoria, com várias cervejas, resolveram abrir um restaurante com especialidades nunca provadas na cidade. O motivo por trás da decisão é fácil de explicar: “A Karine tem origens arménias”.
“Baseia-se em produtos frescos, com muitos legumes e pratos para partilhar. Há guisados, ensopados, estufados e espetadas”, acrescenta. A autenticidade dos sabores arménios mantém-se no novo espaço, mas pode contar com novidades. É o caso de uma zona especial dedicada aos jantares de grupo, com uma grande mesa corrida. Ali, o desafio é esquecer a carta e deixar o chef escolher.
“Se ao primeiro Ararate chamamos casa, este segundo pode ser considerado uma espécie de museu, uma vez que todos os seus elementos representam a cultura da Arménia”, descrevem. As tapeçarias originais ornamentam as paredes, bem como o alfabeto arménio e outras peças de artesanato chegadas diretamente da Eurásia, onde o país se situa. Já os elementos em madeira são todos da autoria de António Leão, artesão português que trabalha com o grupo há vários anos.
Há, ainda, muitas referências vinícolas da Arménia. Na carta destacam-se os vinhos orange em talha — brancos elaborado com curtimenta, isto é com pele e grainha, deixado durante mais tempo em contacto com mosto —, o tradicional vinho de romã e alguns espumantes, como o Takar Brut Nature. Outra das grandes novidades, é o lançamento de uma nova secção no menu, com pratos autênticos, que vão mudando ao longo do tempo.
O Ararate de Odivelas aposta igualmente em “ingredientes frescos e especiarias, transformados em receitas ricas, equilibradas e autênticas”. As propostas começam com uma oferta de padaria com várias opções de pães tradicionais, o junguyalov khatz, pastel de pão achatado com recheio de verduras finamente picadas (12 €), o khachapuri com queijo, um pastel típico georgiano, recheado com queijo (12,50 €) ou o pastel com feijão-vermelho e ervas aromáticas da Arménia (10,50 €).
As sopas típicas são feitas com abóbora com mel, azeite, alho, sementes de girassol e hortelã (4,50 €), ou com iogurte spass, com trigo integral dzavar e matzun (leite fermentado e ovos, 5,50 €).
Nas entradas, o peru preparado a baixa temperatura em molho de nozes satsivi com alho e especiarias, custa 8,90 €. Já nos pratos principais, o ensopado kchuch, com peixe, pimentos, batatas e cenouras (19 €), espetada de vitelão (18,50 €) ou khabab de carne picada de borrego (17 €) são algumas das propostas a provar.
E também vai gostar de provar as sobremesas. O gata— não, não falamos de felinos— é uma sobremesa típica da Arménia, criada com bolinhos de massa folhada com recheio de açúcar e manteiga (7 €).
“Este restaurante não é um teste ao nosso conhecimento sobre o país, mas sim uma viagem de sabores pela cozinha da Arménia, que absorveu o melhor das suas fronteiras. Do Oriente adotou os temperos exóticos; da Ásia Central ficou a conhecer o grão; com os turcos aprendeu a técnica de grelhar carne em carvão e introduziu o kebab na sua alimentação; já a Europa contribuiu com os legumes e verduras”, concluem.
Carregue na galeria para ficar a conhecer melhor o Ararate, o novo restaurante arménio de Odivelas com capacidade para 50 clientes, e onde se come ao som de música tradicional daquele país.
