Na fachada do antigo Comer Para Crer, nas Laranjeiras, em Lisboa, pouco ou nada mudou. Mas atrás do balcão, três amigos preparavam uma mudança que foi oficialmente batizada de Bacôco em maio. Sem capacidade financeira para uma revolução total, foram imprimindo as ideias aos poucos — e aos poucos habituaram-se ao modelo despretensioso, entre comida tradicional, pratos do dia e vinhos naturais.
“Antes de nós chegarmos, o negócio era mais uma pastelaria. Como não podíamos fazer um grande investimento, fomos trabalhando pouco a pouco. Tudo o que mudou, foi feito pela nossa mão”, explica Tiago Costa, de 29 anos, formado em viticultura e enologia, mas com experiência em contabilidade. A ele juntou-se Sérgio Damas, chef com passagens pelo Penha Longa e pelo restaurante do Chapitô, que é quem assume a responsabilidade na cozinha; e Joana Martins, formada em hotelaria.
“Mantivemos a aposta nas refeições diárias, até porque precisávamos de começar logo a faturar”, recorda. Ao fim de ano e meio, rebatizaram o espaço. Nascia o Bacôco, orgulhoso da sua “cozinha de tasca”, mas que não se deixa amarrar a essa ideia. Prova? O penne com pesto (11€), tomate cherry e bacon que se mantém firme na carta ao lado de pratos com prego no pão (4€), pica-pau (10€) ou moelas guisadas (7€).
Pode também provar açorda de camarão (12.5€), bitoque de vaca (11€) ou de frango (10€) ou até uma improvável perna de frango desossada com arroz (a puxar para o risotto) de cogumelos (12,5€), que antecedem o convívio, na mesma secção, de uma clássica serradura (2,5€) ou de um petit gâteau com gelado de baunilha (3.5€).
Esta dualidade também se reflete na carta de vinhos. Há vinho da casa e uma série de opções de vinhos naturais. “Quisemos dar mais dinâmica, para lá do vinho da casa e trouxemos vinhos novos, mais modernos”, explica Tiago.
O grande bestseller é, continua a ser, e não haverá indícios de que possa deixar ser o prato do dia. Sempre portugueses, sempre tradicionais. O menu de almoço sai por 11,80€ e inclui sopa, refrigerante ou água, prato do dia e café.
Com muito do antigo espaço ainda presente, entre mobiliário e o enorme balcão refrigerado, alguns detalhes foram mudando, mas o plano passa por “levar as coisas com calma. “Claro que há potencial para inovar”, reitera Tiago, que alerta para outro cuidado. “Queremos fazê-lo, mas sem perder a essência.”