Os mais atentos ao panorama da gastronomia de Lisboa devem recordar-se deste nome: Cantina Baldracca. O espaço na Mouraria era conhecido pelas pizzas a preços em conta. Desde o início de fevereiro que existe um novo conceito da marca no número 1 da Rua das Farinhas. Na agora Tasca Baldracca, saiu a influência italiana para entrar outro estilo de cozinha.
“Decidimos que não nos iríamos rotular. Gostamos de comer e temos influências muito diferentes. Já nos disseram que somos uma tasca ibero brasileira”, explica à NiT Pedro Monteiro, 37 anos, um dos responsáveis pelo projeto.
É chef da Fábrica da Musa e juntou-se aos amigos Octavio Delmonte, de 27 anos, e Bruno Gama, de 29, para desenvolver esta ideia numa zona da cidade que conhece bem. “O sonho de ter um negócio próprio sempre esteve dentro de nós. Moro neste bairro há oito anos, e sempre quis ter um projeto nesta rua. Procurámos e batalhámos para conseguir.”
Optaram por não mexer muito no espaço que ali existia e até o nome ficou. “Era assim que as pessoas já conheciam a cantina. Gosto particularmente do nome — tem um certo romantismo. Quando nos tornamos cozinheiros casamos com a puta da vida de cozinheiro. A Baldracca não passa de uma puta velha, em italiano.”
Se o nome se manteve, o mesmo não podemos dizer das pizzas. Desapareceram da carta, mas existem muitas outras opções para conhecer. “O tártaro de novilho é o prato mais procurado.” Custa 11€ e é servido com mostarda, anchovas e maionese.
As bochechas de novilho com castanha (13€) ou o choco com chouriço e molho (12€) são outras das propostas da Tasca Baldracca. Todas as sugestões disponíveis estão descritas num quadro de ardósia numa das paredes do restaurante.
Encontra ainda a tempura de moelas (7,50€), a dobrada panada (6€) ou o leitão assado (13€). “Estamos a ter um feedback bastante positivo. É claro que apontam sempre uma ou outra coisa. No balanço geral, as críticas estão a ser super positivas.
A ementa mudou, mas além do nome, outros elementos mantiveram-se inalterados na Baldracca. “Já tínhamos o painel da Sara Maia na parede, que achámos lindo. Na verdade, não mexemos muito na decoração. A maior parte das coisas já aqui estava.”
Nos lavabos acrescentaram um pormenor insólito: material para motivar os clientes a desenharem o que quiserem. “Fizemos uma intervenção nas casas de banho, onde deixamos canetas para a malta escrever. É algo para criar ‘filosofia de casa de banho’ e garanto que é o ponto alto.”
O restaurante tem capacidade para 40 pessoas. Nas últimas semanas têm estado bem preenchidos. Na página de Instagram até referem que o ideal é mesmo reservar mesa através de uma mensagem privada.
Abrir portas em altura de pandemia implicou correr um risco maior, mas desistir nunca foi uma ideia. “Dá sempre um frio na barriga, mas como já conhecemos o mercado, descobrimos esta oportunidade. Para já, estamos seguros de que foi uma ótima escolha.”
