O dom para a cozinha foi “uma herança” deixada à chef Tânia Durão primeiro pela avó, que era cozinheira, e mais tarde pelos pais. Cresceu entre receitas tradicionais e sabores portugueses clássicos e, talvez por isso, tenha decidido ser, antes de mais, cozinheira. Agora, depois de vários projetos e de uma carreira empoleirada no fine dining, a cozinheira de 39 anos quis regressar a esses aromas e sabores.
É no Barro, o novo restaurante do Porto aberto desde julho, que aplica todo o conhecimento que acumulou ao longo de 15 anos, numa carreira que a levou até às cozinhas do Cantinho do Avillez e do DOP, até que abriu o primeiro restaurante em nome próprio. “[Os meus pais e minha avó] cozinham muito bem e sempre me ensinaram as receitas tradicionais portuenses. Por isso, na altura de escolher sabia o que queria fazer. Inscrevi-me na Escola de Hotelaria do Porto e segui este ramo”, recorda.
O Atrevo, no Porto, funcionou de 2019 a 2022. Por motivos pessoais, decidiu deixar o espaço e mudar-se para a Polónia, onde trabalhou como consultora. Quando regressou ao Porto, juntou-se ao amigo, e agora sócio, Francisco Marinho e voltou aos projetos por conta própria.
“A ideia aqui no Barro sempre foi a de apostar na cozinha tradicional, com um visão mais moderna. E o nome surgiu também de algo muito típico, as telhas dos edifícios, que antigamente eram todas feitas de barro. Foi uma sugestão do arquiteto João Magalhães e do designer Frederico Almeida, que depois projetou o espaço inspirado nesse elemento” explica, antes de voltar novamente à inspiração da família.
O restaurante, com 28 lugares no interior e 18 na esplanada, conjuga as cores do barro, presente nas paredes forradas a tijolos retangulares, com um padrão geométrico em branco, replicado em todo o chão. Os pormenores foram pensados para seguir a mesma linha, com vasos antigos a servir de candeeiros a contrastar com as cerâmicas de contornos mais originais.
Na cozinha segue-se a mesma ideia. Tânia Durão planeou todo o menu para que fosse uma viagem ao passado, sem sair do presente. As entradas incluem croquetes (3€), pataniscas de bacalhau (2,50€) e escabeche de sardinha (6,50€). Na época deles, os tomates coração de boi são a estrela de uma salada.
Para pratos principais, as propostas são outros clássicos como os filetes de polvo e arroz do mesmo (18€), as bochechas acompanhadas com puré de batata caseiro (24€) ou arroz de vitela (18€). Nas versões mais modernas, Tânia Durão destaca a açorda de ovas e carabineiros (32€), o rosbife (18€) ou o arroz de robalo com amêijoas e berbigão (18€).
No final da refeição, e como manda a tradição, há várias sobremesas caseiras como o leite-creme queimado (5€), as natas do céu (5,50€) e tarte de chocolate e caramelo salgado (5,50€). Pela proximidade do Porto à região onde é feito o Pudim Abade de Priscos (em Braga), a chef decidiu também recriar a receita típica e incluí-la no menu escrito à mão pela cozinheira. Para acompanhar os pratos e doces servidos em louça de barro há apenas vinhos nacionais, das diferentes regiões do País.