Bashar Khabbaz, de 32 anos, nasceu em Damasco, na Síria. Sempre viveu no seu país, até este entrar em guerra e deixar de ser seguro. O conflito levou-o a partir para o Dubai à procura uma vida melhor. Pelo caminho, conheceu Catarina Silva e apaixonou-se. Casaram e mudaram-se para Portugal, mas não vieram sozinhos. Bashar trouxe consigo outro amor: a comida do Médio Oriente. A 9 de julho oficializou esta relação — inaugurou o Damasqino, em Almada.
“A qualidade de vida em Portugal faz-me lembrar a que tinha na Síria antes dos conflitos. Os portugueses estão abertos a receber os outros e senti-me logo em casa”, conta Bashar à NiT. Abrir um restaurante sempre foi um dos seus sonhos, e quando chegou ao nosso País reparou que não existia nenhum conceito como aquele que estava prestes a criar. “Existem outros restaurantes com comida do Médio Oriente, mas não encontrei nenhum com aqueles pratos mais tradicionais e caseiros”, confessa. Preencher essa lacuna é também uma forma de Bashar lidar com a saudade que sente da sua cultura.
E quando diz que é comida típica, não está a mentir. A maneira como os pratos são preparados, com muita atenção ao detalhe, assemelha-se à forma como as mães e avós sírias cozinham. Todas as especiarias e carnes que utilizam primam pela qualidade. “Foi por isso mesmo que abrimos, para apresentar esta gastronomia aos portugueses”, realça. Um aposta ganha: 80 por cento dos clientes são nacionais e os restantes 20 por cento turistas. “Há pessoas que já cá vieram oito ou nove vezes”, afirma orgulhoso.
Reside no Seixal e após uma breve pesquisa decidiu que Almada seria o sítio perfeito para montar o seu negócio. Destaca o grande crescimento que a cidade tem tido nos últimos tempos e a multiculturalidade que a caracteriza. “Muitas pessoas vivem em Almada, mesmo que trabalhem em Lisboa. E também estamos perto do metro e do barco”, acrescenta. Esta diversidade também se verifica na sua equipa. “Sou o chef executivo, mas quis partilhar as minhas experiências com diferentes nacionalidades. Temos portugueses, brasileiros, venezuelanos, entre outros”, aponta.
Ao entrar no restaurante será transportado para a Síria que Bashar tanto ama. Na decoração encontra várias fotografias que lhe dão a conhecer a capital Damasco, e muitos dos marcos históricos do país. Quanto à iluminação, é parecida àquela que poderia encontrar em casa: pouco intensa e acolhedora. Um ambiente intimista, complementado pela música árabe que se ecoa pelo espaço. “Cria uma atmosfera muito agradável”, descreve.
A cozinha Síria distingue-se pela diversidade de entradas, característica que se reflete na carta do Damasqino. Como seria de esperar, o húmus (4,30€) é um dos grandes destaques. A este junta-se o baba ganoush (4,30€) e o muhamara (4,30€), um paté de pimento vermelho com limão e molho de romã. O kebbeh, um mix de carnes cruas com especiarias e bulgur (7€), é outras das especialidades que não deve deixar de provar. Nas propostas quentes encontram-se pratos como os famosos falafels (seis unidades por 5,50€). “As pessoas gostam muito deles, mas nunca comeram nenhuns assim. Usamos um rácio específico de óleo e de especiarias, e é tudo feito no próprio dia”, revela.
No Damasqino também encontrará uma espécie de pizzas, na versão típica daquela região no mundo. Chamam-se Manakish e têm “uma massa completamente diferente, mais fina, e um tempero (zaatar) que é uma erva parecida ao orégão e muito usada no Médio Oriente.” Pode escolher entre a de queijo (1,70€), de peru fumado (2,80€), de mortadela (2,80€), entre muitas outras.
Se é fã de kebab, irá deliciar-se. Para partilhar pode pedir o mashawi para dois (37€). É composto por espetadas com um mix de vários tipos de carne que chegam à mesa acompanhadas por arroz, salada, húmus e muhamara. Também tem versões individuais por 13,50€, que levam borrego e vaca, pimento vermelho, tomate e cebola. São todas cozinhadas no forno.
Carregue na galeria para descobrir alguns dos pratos que irá encontrar no Damasqino — e antecipe a viagem que irá fazer pelos sabores do Médio Oriente quando lá for almoçar ou jantar.