Restaurantes

Cabra Macho: Simão converteu-se ao cristianismo e abriu uma tasca em Sintra

O dono dos restaurantes Picanharia e Gringo quer preservar estes espaços tipicamente portugueses.
Abriu a 1 de março.

Depois da Picanharia, onde paga 15,2€ e come a picanha que quiser, e do Gringo, conceito mexicano em que os tacos começam no 1,5€, Simão Dutra Lima aposta num novo projeto, “o mais pessoal de sempre”, que só é possível por se ter convertido ao cristianismo. Falamos de Cabra Macho, um restaurante que “encontra no local mais improvável de Sintra”, garante Simão, que gere o negócio com a mulher Sarah, de 26 anos, e o irmão Duarte, da mesma idade.

“Abrimos este espaço a pensar na nossa família. Há cerca de dois anos, converti-me ao cristianismo e estava com muita vontade de dar algo à sociedade. Em novembro de 2022, deparei-me com este sítio e, ainda que fique numa zona sem estacionamento e com difíceis acessos, pareceu-me o local certo para avançar com esta ideia. Senti que era o propósito de Deus para mim, pelo que não hesitei”, conta à NiT o empresário de 32 anos.

A ajudá-lo tem a mulher, com quem casou em outubro do ano passado, e o irmão, que define como “o maior tasqueiro do mundo”.

“A sensação que tenho é que metade do meu público vem cá só para estar à conversa com o Duarte, que não se nega a expressões típicas como ‘queria? já não quer?’ Só abrimos a 1 de março, mas já se nota o à vontade dos clientes com ele”.

Sarah, Duarte e Simão.

Manter este espírito vivo é, acima de tudo, o objetivo do trio. “Gostamos muito da ideia de tasca, mas temos medo que esta se perca. Cada vez mais, as pessoas da nossa idade procuram os restaurantes da moda, que tendem a ser bastante diferentes. Assim, às tascas originais resta um público já mais velho. Também quem lá trabalha, tende a ter outra idade. Com a ordem da natural das coisas, tememos que este conceito fique esquecido. É isto que queremos evitar ao apresentar Cabra Macho, uma proposta moderna, mas que não perde a essência”, explica o responsável.

Esta vontade está presente em todo o projeto, desde a carta até à decoração. “Em termos de comida, temos três vertentes: as sandes (2€ a 3,8€), que tanto podem ser de torresmo, cozido à portuguesa ou alheira e ovo estrelado, para referir algumas; petiscos (0,90€ a 9€), como tábuas de queijos e enchidos e cogumelos na brasa com presunto; e telhas de carne e bacalhau (30€ a 32,5€), pensadas para duas pessoas. Também nunca falta a sopa de pedra (2,5€) e o caldo verde (2€)”. Para acompanhar, há vinho e cerveja a copo (1€)

No espaço, com capacidade para 30 pessoas, brilha a decoração característica das tabernas. “Temos mesas de madeira e barris, claro, além de cheiro a lenha a vinho e enchidos. Nas obras, tivemos mesmo esse cuidado de derramar algum vinho e espalhar alguns enchidos para que o aroma ficasse no ar”, diz.

Carregue na galeria para espreitar o novo Cabra Macho, cujo nome nasce de uma situação caricata.

“Cabra Macho é uma expressão utilizada no Brasil, mais concretamente na Bahia, onde me casei. No dia do nosso casamento religioso, o pastor que ministrava o casamento referiu-se à minha mãe como cabra macho, o que me indignou, obviamente. Afinal, ter uma pessoa a chamar cabra à minha mãe, no dia do meu casamento. Mas depois percebi que é uma expressão utilizada para falar de uma mulher de vigor. Não é bem um machão, como dizemos aqui, mas aquelas mulheres antigas, que trabalham muito e fazem tudo, sem medos. Só falta mesmo terem barba para serem um homem. De uma situação de indignação, que comentei com muita gente, acabei por guardar o nome. Não para me referir a alguém específico, mas porque ficou na cabeça”.

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