Campo de Ourique tem um ritmo próprio. No coração do triângulo formado pelas Amoreiras, Estrela e Prazeres, o bairro lisboeta mantém a alma vibrante de sempre. As senhoras continuam a percorrer o mercado e a dar vida ao comércio local, os miúdos brincam nos parques e os mais velhos disputam partidas de sueca nos bancos de jardim. A vida aqui não pára e as novidades também não.
Nos últimos meses, Campo de Ourique ganhou 13 novos espaços, o que reforçou a fama de ser um dos bairros mais genuínos — e atrativos — da capital. Com um mix cultural diversificado e uma forte densidade populacional, continua a ser um refúgio longe das multidões turísticas.
O bairro sempre foi sinónimo de comércio de proximidade e mantém o charme dos negócios tradicionais e das pastelarias com história. Mas o cenário está a mudar: Campo de Ourique está cada vez mais cosmopolita, e os novos espaços que surgem rapidamente se encaixam na energia única da zona.
Marta Cruz escolheu esta o bairro para abrir a primeira loja da Miss Brownie, um negócio que começou de forma modesta com a venda de framboesas e evoluiu para a comercialização de bolos, porta a porta. Ali, os bestsellers são o bolo de chocolate com caramelo salgado, os brownies, os brigadeiros e os famosos red velvet com doce de limão.
O bairro também foi escolhido para novidades absolutas. O primeiro Streer, restaurante de smash burgers, abriu aqui, assim como o Necos Brunch, o primeiro brunch japonês na cidade. Marc Pinto e Grace Lora também não tiveram dúvidas sobre a localização da Kitu Champanheria. O projeto nasceu do encontro de duas visões distintas: Marc, 35 anos, é especialista em vinhos; Grace, de 32 anos, é apaixonada pela cozinha sul-americana. A empresária e o sommelier conheceram-se há oito anos no restaurante Lasarte, de Martin Berasategui. Ela formou-se em hotelaria, ele tornou-se um escanção de renome e é hoje sommelier do Fifty Seconds, em Lisboa, além de tricampeão do Concurso Nacional de Escanções.
A par das 30 referências de champanhe de nomes como Roger Coulon, Vincent Bernard, Bereche e Agrapart, há uma carta com propostas inspiradas na gastronomia do Equador, Peru e México. Toda a decoração do espaço, que ocupa dois andares e 40 metros quadrados, remete para um ambiente sul-americano, latino e selvagem. Destacam-se os tecidos andinos fixados na parede, as cores vibrantes e os padrões geométricos.
Francisco Martins, mais conhecido como chef Kiko, também escolheu o bairro para o seu novo projeto. No Le Bleu, quis dar destaque aos peixes e mariscos da costa portuguesa, “aplicando-lhes técnica, originalidade e uma pitada de humor”. “Temos snacks que se comem ‘de uma só vez’, mas também alguns pratos de conforto como o bife Wellington com pregado e camarão, uma criação com a qual estou extremamente satisfeito”, disse à NiT.
Na Rua do Sol ao Rato, uma azáfama fora do comum junta jovens e idosos numa pequena retrosaria local, com paredes forradas de linhas coloridas e os habituais produtos do ofício. O que poucos sabem é que, escondido nas traseiras, mora o novo speakeasy de Lisboa. O Badassery abriu no final de outubro e destaca-se por receber os clientes com uma simpática senhora de lenço na cabeça.
Umas portas ao lado, abriu um restaurante que gerou alguma polémica, com o objetivo de ser acessível a todas as faixas etárias e carteiras. “O nosso espaço relembra um pouco uma tasca, com petiscos e preços acessíveis. Queremos chegar a todos e, ao mesmo tempo, fazer combinações improváveis e apresentar pratos diferentes do que estamos habituados a ver neste género de espaços”, disse António Lobo Xavier à NiT. Olhando para a carta, adivinha-se um preço médio a rondar os 40€ por pessoa para uma refeição completa.
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