Restaurantes

Caralhinho: o spot de “fast food madeirense” que está a fazer sucesso em Sintra

André Viegas, o proprietário, teve que lutar pelo direito a registar o negócio com este nome.
Não faltam especialidades típicas.

O que faz um sargento no momento de pousar as armas? No caso de André Viegas, a resposta a esta pergunta foi encontrada nas raízes familiares — e no Caralhinho, o restaurante que abriu em 2020 em Sintra e que tem feito sucesso com os sabores do arquipélago. Não faltam ponchas, bolos do caco e outras especialidades típicas. Mas mais do que a comida, o espaço tem também sido comentado pelo nome pouco usual, naturalmente inspirado no pequeno instrumento usado na Madeira para misturar bebidas alcoólicas.

Neto de madeirenses, já perdeu a conta ao número de vezes que visitou a ilha. Cresceu a ouvir os pais e avós falarem das flores, das levadas, das praias, das lapas e do bolo do caco. Mas, até 2020, não sabia como poderia partilhar essa paixão, além de levar os amigos até à Madeira. O destino acabou por lhe mostrar uma forma mais simples de o fazer.

Hoje com 39 anos, recorda-se bem da infância passada entre a cozinha e as mesas do restaurante dos avós maternos. Adorava conversar com os clientes, levar pratos à mesa e observar a azáfama da cozinha. No entanto, nunca pensou seguir a área. Escolheu as Forças Armadas e, ao longo de oito anos, subiu de praça a sargento. A vida militar parecia indiscutível, até que surgiu a oportunidade de explorar espaços de restauração dentro da Academia Militar de Lisboa.

“Aí o bichinho voltou, mas por um par de anos apenas. É uma área que implica muito trabalho e dedicação e quando fui pai decidi deixar de lado esta paixão e virei-me para as terapias alternativas. Mas em 2020 fiquei a par de um espaço livre no Mercado de Sintra, devido à pandemia, e eu não consegui fugir. Fiquei com o restaurante e decidi avançar com algo completamente diferente e ligado a um lugar muito especial”, conta André Viegas à NiT.

Esse lugar especial era, claro, a ilha da Madeira. Trouxe o bolo do caco, as lapas e a Brisa da Madeira, pediu à família a receita da famosa poncha de laranja e maracujá e abriu um pequeno restaurante que apresenta como “um fast food madeirense”.
“Temos todos os snacks e refeições práticas da ilha. No futuro queremos incluir os pratos mais tradicionais, como as espetadas e o milho frito, mas para tal precisamos de um espaço mais amplo”, explica.

Sendo um conceito de fast food, não podiam faltar os hambúrgueres e pregos servidos em bolo do caco. “Fizemos algumas adaptações às receitas tradicionais, mas mantivemos o mais importante: a qualidade dos produtos regionais.”

O pica-pau.

Assim que se entra no Mercado de Sintra, sente-se o aroma do pão típico acabado de sair do forno. O Prego Simples à Caralhinho (7,90€) é um dos mais pedidos, feito apenas com bife de novilho grelhado e bolo do caco, acompanhado de batatas fritas e bebida. Para algo mais composto, há o Hambúrguer à Caralhinho (9,40€), recheado com 150 gramas de carne de novilho, alface, tomate, queijo, cebola caramelizada, ovo e bacon. Já o Picado de Carne Madeirense (11,40€) faz as delícias de quem procura um prato mais tradicional. Para acompanhar, há bebidas típicas da Madeira, como a Brisa, a cerveja Coral e, claro, a poncha.

Desde o arranque que o nome do restaurante gera curiosidade — e alguma controvérsia. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) não aprovou de imediato a marca, o que conduziu a um processo burocrático para que fosse aceite. O próprio gestor do espaço tentou dissuadi-lo.

“Lutei pelo Caralhinho desde o início e não me deixei ficar. Na altura, o responsável do mercado nunca atendia o telefone e, de repente, gastou minutos das suas férias para me ligar e pedir que mudasse o nome. Foi aí que tive ainda mais certeza de que estava a funcionar, que estávamos a ser falados. A única coisa que fiz foi transformar o negócio num franchising para garantir que fosse aceite e legalizado”, explica.

As batalhas burocráticas não travaram o sucesso do projeto. O Caralhinho já é um nome conhecido na região e nas redes sociais não se fala de outra coisa. Há quem brinque com a escolha, mas a maioria refere apenas que encontrou ali “um dos melhores locais nos arredores de Lisboa para beber a verdadeira poncha”.

André Viegas não se arrepende da decisão que tomou em 2020. De regresso ao mundo da restauração, já pensa em expandir o conceito para outros pontos do País. O objetivo? Dar a provar os sabores da Madeira sem que seja preciso apanhar um avião para os descobrir.

O hambúrguer completo.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Zona De Restauração. Restaurante O Caralhinho, Rua Tomé Barros De Queirós, Mercado Da Estefania, Loja 16
    2710-624  Sintra
  • HORÁRIO
  • Terça a sábado das 12h às 15h e das 19h às 22h30
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Madeirense

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