Quando há 14 anos, a Casa de Pasto da Palmeira abriu as portas, agitou o panorama gastronómico da cidade. A novidade não estava no conceito de petiscos para partilhar, mas na carta pensada pelo chef João Pupo Lameiras, recheada de combinações e sabores improváveis, mas também em opções tradicionais e reconfortantes. José Ribeiro, o proprietário, explica que o projeto “foi revolucionário” e este ano prepara-se para uma nova dose com a remodelação e aumento do pequeno espaço na Foz do Douro.
O cérebro do negócio tem 62 anos e nem sempre esteve virado para a restauração. José Ribeiro, natural da Madeira, frequentava o curso de engenharia civil quando, quase no final da licenciatura, decidiu desistir “por falta de vocação”. Como alternativa foi trabalhar para os bares de alguns amigos no Porto e depois rumou à Praia da Luz, no Algarve, para ficar como responsável de um bar.
Apanhou o jeito à gestão hoteleira e anos mais tarde explorou um outro bar, também na praia, mas desta vez em Moledo. O sucesso do projeto fez com que chegasse um convite para abrir, ao lado de Tozé Santos Lopes, o espaço Horta dos Reis, em Gaia, mais dedicado a eventos.
Acabou por focar-se em casamentos e batizados até há 15 anos, quando visitou um pequeno espaço na Foz do Douro que pertencia a uns amigos. “Assim que lá cheguei, peguei numa cadeira e sentei-me na esplanada a apreciar e a pensar o que poderia fazer aqui”, diz o proprietário, referindo-se à atual Casa de Pasto da Palmeira. Contratou o amigo de um sobrinho que estudava engenharia, o João Pupo Lameiras, que estava a dar os primeiros passos como chef. “Convidei-o a abrir comigo para fazer algo descontraído e uma coisa diferente do habitual”, recorda.
Apostaram em ter apenas entradas e nada de pratos principais. “Estava farto dos formatos típicos e como vinha de um projeto em que se faz muita coisa repetida. Queria mudar. Decidi abrir do meio-dia à meia-noite sem interrupção e criar um conceito de partilha com uma decoração gira. Abrimos em novembro, num dia de chuva e ficamos com o espaço cheio. No dia seguinte tivemos de pintar as paredes outra vez”, conta.
Passaram-se 14 anos e a Casa de Pasto da Palmeira tornou-se numa referência no Porto. Iker Casillas fez do restaurante, segundo o proprietário, “a sua segunda casa”. Levava amigos e familiares espanhóis e recomendava o negócio a todos os que lhe perguntavam onde jantar “ou picar” no Porto. Dieter Koschina ficou deslumbrado com o cevadotto, “um risotto feito com cevadinha inventado pelo João” e que ainda hoje faz parte da carta. “O chef disse, na altura, que foi o restaurante que mais o tinha surpreendido nos últimos tempos”, recorda José Ribeiro. E não foi o único profissional do meio a elogiar o trabalho da equipa do espaço. Também Rui Paula admitiu que era um “dos melhores locais para comer no Porto”.
Este ano surgiu a oportunidade de ampliarem o espaço para o piso superior e nem pensaram duas vezes. Fecharam em novembro para ligarem as duas frações através de uma escada em ferro e reabriram com todas as novidades a 10 de dezembro. “O nosso cuidado foi não estragar o que estava bem-feito e decidimos manter todas as características.” O local onde antes ficava o bar foi transformado numa sala e a capacidade aumentou para 70, mas os ilustres bonecos que conquistaram alcunhas divertidas por parte dos clientes foram mantidos, apenas com um abajur diferente.
A carta está diferente e irá mudar a cada três meses para “tornar tudo mais interessante”. No entanto, terão uma nova modalidade de “pratos pedidos” que, tal como acontece nos discos pedidos, são propostas que os clientes lhes pedem para manter na carta.
“Estamos proibidos pelos nossos clientes de tirar o queque de alheira (9,50€) com molho agridoce, assim como o cevadotto de tamboril e gambas (15€), os pastéis de massa tenra com carne estufada”, diz José. A estes juntam-se ainda os croquetes de rabo de boi (7€ por 4 unidades), a tosta de bacalhau com grão e salsa (7€), os dumplings de pernil e couve em caldo de hortelã (8,50€), ou bochecha de porco com abóbora e vinagre de framboesa (15,50€).
Os fãs de carne têm agora uma opção bem completa chamada carne carne carne (36€ para duas pessoas) e inclui tártaro de novilho, pastel de estufado de porco com queijo e mostarda e um bife de novilho com salada e batata frita.
As sobremesas sempre foram um forte do espaço. Após a renovação trouxeram para a carta, igualmente desenhada por João Lameiras, uma mousse de chocolate com crocantes de amêndoa e gelado de flor de sal (7€), um crumble de maçã (7€) e filhoses de forma com doce de ovos e gelado de canela (6,50€).
O futuro da Casa de Pasto da Palmeira está garantido. José Maria, filho do proprietário, assumiu a gerência do espaço após seguir os passos do pai no mundo da restauração. “Agora só estou aqui para resolver problemas, quero desacelerar e tenho as minhas casas [é dono do LSD e do Tripeiro no Porto] em boas mãos.”
Carregue na galeria para ver como está o novo espaço da Casa de Pasto da Palmeira.