Há espaços multifacetados e depois existe a Casa Reîa, o mais novo inquilino da praia da Cabana do Pescador, na Costa da Caparica. De caráter holístico, procura afirmar-se como um oásis de tranquilidade no meio do caos do dia-a-dia. Para tal reúne, num único sítio, com cerca de 600 metros quadrados, experiências gastronómicas, musicais, práticas de bem-estar e rituais regeneradores, como o ioga e o mindfulness, conta à NiT Sacha Gielbaum, um dos fundadores.
O projeto, contudo, nasce de uma infelicidade. Falamos do incêndio que, em maio de 2021, destruiu por completo o Yamba Bar, um restaurante e bar a poucos metros desta casa que inaugurou em maio. Pertencia a Gielbaum e chegou a ser considerado um dos 10 melhores beach clubs do mundo pela “Condé Nast Traveller”. A equipa, porém, decidiu olhar para o infortúnio como uma oportunidade de fazer melhor. Assim surgiu, cerca de um ano depois, “um espaço maduro e que apela à serenidade, no qual, mais do que comer e beber, as pessoas podem relaxar e aprender”.
O cenário idílico que lhe serve de moldura ajuda muito na construção deste universo quase alternativo, que se inspira na mitologia grega. Em comunicado, Melody Sanderson, responsável pela programação cultural, explica que Rhea surge de uma das deusas titãs, filha de Gaia, deusa da terra, que era casada com Cronos, deus do tempo. “O nome significa serenidade e fluência e representa fertilidade, regeneração e ser mulher. Escolhemos o nome especialmente por causa destas características. Para além disso, num dos mitos, Rhea traz Dionísio — o deus do vinho e das festividades — de volta à vida”.
Sendo a Casa Rêia um projeto que se cria a partir das cinzas de um anterior, simbolizando uma espécie de renascimento, uma versão melhorada, mais calma e dada a novos desafios, acaba por tornar-se difícil pensar num outro nome tão adequado.
Mais do que um local de descontração e passagem, Sasha ambiciona que seja um lugar de aprendizagem, promovida através da organização de workshops, palestras, encontros, conversas e música, no qual as pessoas possam expressar-se artisticamente do modo que melhor entenderem. Desta forma, esperam poder contribuir para o progresso cultural da comunidade.
A gastronomia ocupa um papel de destaque no beach club, com a cozinha a ser comandada por Dário Costa, mestre da grelha; Udi Barkan, israelita pioneiro de vegetais e fruta; e Pedro Lima, chefe executivo devoto de produtos produtos locais e sazonais. Juntos criaram pratos frescos e aromáticos, protagonizados pelo peixe e pelos vegetais, celebrando uma proposta consciente com ingredientes atlânticos e mediterrânicos. Além dos ingredientes sazonais, o fogo foi peça-chave na hora de fechar a carta. Depois de ser inimigo, quiseram usá-lo como o elemento que aproxima quem ali se junta.
Para provar, não faltam opções, mas Sacha destaca o arroz de marisco assado no forno a lenha (26€), bem como o peixe fresco grelhado, que tanto chega do Mercado do Livramento, em Setúbal, como da Ribeira, em Lisboa. Se quiser partilhar, o baba ganoush de courgete, hortelã e framboesas (16€); o carpaccio de beterraba, morangos e vinagrete de cebolinho (16€); a salada verde de verão com nectarinas, abobrinha amarela e grão de bico defumado (14€); e o robalo cru com maçã verde, aipo e funcho (15€) são possibilidades.
Como sobremesa pode pedir o bolo de chocolate assado no forno a lenha com ganache salgada e creme inglês ou o cheesecake defumado desconstruído com morangos e poejo. Ambas custam 10€. Quem procura café de especialidade, chás aromáticos, sumos feitos na hora, smoothies ou snacks saudáveis pode sempre dirigir-se ao café. Ao lado, encontra uma loja que junta uma série de marcas locais e sustentáveis, da Biocol Labs à Cheza, Futah, Margaux Carel Ceramics, Maison Hanae, Mooi Hats, Palm & Pine, Saudade e The White Raven.
Em termos de programação, há sempre muito a acontecer, pelo que o ideal é estar atento às redes sociais da Casa Reîa para que nada lhe escape. O destaque vai para os concertos aos fins de semana e, todos os meses, ocorrem os Dionysian Mysteries, ou Mistérios de Dionísio em português, eventos que procuram “ecoar rituais da antiga Grécia que levam os participantes a atingirem um estado de euforia através dança e música de caráter transcendental”, clarifica Melody.
O que o futuro reserva a este conceito ainda é incerto, mas Sacha, que o lidera com Emil Stefkov, amigo e fundador do The Group NYC, coletivo de restaurantes em Nova Iorque, adianta que há planos futuros para abrirem uma casa semelhante em Lisboa e outra Ibiza. Um outro beach club, que deve inaugurar em 2023, vai nascer na Praia de São João, também na Costa da Caparica. Um hotel no Meco faz, igualmente, parte dos planos da dupla de empreendedores.
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