Chakall não é um desconhecido em Portugal, embora poucos saibam o seu verdadeiro nome, Eduardo Andrès Lopez. O chef de 51 anos, nasceu na Argentina, diz-se cidadão do mundo, mas adotou o nosso País como a segunda pátria de coração. Já a irmã, Silvina Lopez, é psicóloga de formação, chef de cozinha e empresária. Com 46 anos, diz que adora cozinhar, criar, viajar, ler, rir, “entre muitas outras coisas”. Em comum têm o legado de cozinha passado de geração em geração — “e um humor muito particular”. Os dois têm também uma paixão por uma das vilas portuguesas: Lourinhã.
“É aqui que materializo o que me faz feliz: a família, ver crescer a minha filha, estudar e pôr em prática os valores nos quais acredita. É aqui que imprimo um estilo de vida saudável e equilibrado e que procuro partilhar com todos os que comigo se cruzam — seja no Areal Beach Bar by Chakall, ou no novíssimo West 23 by Chakall”, conta Silvina à NiT.
É verdade. Depois do La Susy (aberto em Gaia desde 2022), os irmãos juntaram-se, mais uma vez, para abrir um restaurante. Amantes de viagens desde que se conhecem como gente e “muito por culpa das influências familiares para quem os verbos ‘ir’, ‘viajar’ e ‘descobrir’ são uma realidade”, deixaram-se inspirar pelo mundo para trazer sabores “que tornam as experiências à mesa uma verdadeira festa.”
“Há 20 anos que tenho residência na Lourinhã e tenho um grande carinho por esta região. A minha irmã também acabou por se apaixonar pela Lourinhã. Abrimos em 2017 o Areal Beach Bar by Chakall, aqui bem perto, na Praia do Areal Sul, que é um bar restaurante de praia. Achámos, a determinada altura, que fazia falta um projeto com um outro posicionamento. Mas faltava o local ideal.” Nem de propósito, o Grupo Obrana tinha um projeto à medida.
Não demorou para que Chakall e Silvina fossem desafiados pelo grupo para desenvolver um conceito dentro do Empreendimento Height III. “Abraçámos o desafio sem hesitar. Queremos que as pessoas da Lourinhã se sintam orgulhosas deste espaço. É um restaurante com muita qualidade, com muita paixão e com produtos premium. Temos coisas únicas”, garantem.
Ali estão a viver em pleno o primeiro verão do West. “E que experiência tem sido.” A localização, explicam, é por si só espetacular. “Parece um postal ilustrado.” A ideia pega exatamente nessa imagem. “Gostávamos de criar um conceito diferente, mais premium e sofisticado que não fosse pé na areia, mas que não fosse também hiper pretensioso e distante das pessoas. O West 23 by Chakall é sofisticado, mas não é nariz empinado.”
O conceito é aparentemente simples: uma fusão entre o Oriente e o Ocidente à mesa, num local calmo e agradável com uma vista para o mar como pano de fundo. “Ao mesmo tempo, é também um conceito de partilha, com amigos ou família à volta de uma mesa.” A carta, claro, conta a história dos dois. “Percorre os vários países que visitámos, as culturas com as quais nos cruzámos ao longo da vida. É um menu de descoberta constante. Na mesma refeição podemos viajar por várias geografias.”
No West pode-se ir à América Latina com um ceviche (14€) ou com as carnes argentinas (“não há como fugir às nossas raízes”, desde 24€), assim como se pode apreciar a portugalidade no bacalhau colossal (52€). Pelo caminho, passa-se por Itália com as pinsas (dos 17€ aos 22€), e até por Marrocos com um mechoui de cordeiro e cous cous (38€).
A grelha, essa, desempenha um papel central na cozinha. “Temos um Josper e um carvão de altíssima qualidade. Muitos dos nossos pratos — incluindo sobremesas — saem da grelha.”
Nem o facto de serem os dois “birrentos e exigentes” tem estragado a experiência. “Temos uma forte cumplicidade e uma forma semelhante de olhar para os projetos e para os negócios. Dos seis, foi a nós os dois que calhou o karma de continuarmos a longa tradição da família na cozinha. E é bom trabalharmos juntos. Falamos a mesma linguagem”, diz Chakall a rir.
“Temos um lado prático muito vincado. Somos, por norma, muito assertivos nas tomadas de decisão. Um diz: mata! E o outro diz: esfola”, afirma a irmã.
Do crescimento dentro das cozinhas dos restaurantes da mãe, Susana, às influências marcantes da cozinha oriental pelas mãos da sua madrinha, Virgínia, Chakall aprendeu desde cedo os encantos das fusões inusitadas. Estas duas mulheres, “as suas duas mães”, como sempre diz, foram (“e continuam a ser”) as suas primeiras mestres. Afinal, foram mesmo elas quem determinaram para sempre o amor e a paixão do chef pela cozinha. Foram elas que lhe ensinaram a importância de comer e o respeito por aquilo que se come.
“Se o West 23 by Chakall fosse uma música [uma das muitas paixões do chef], “Once Upon a Time In The West”, dos Dire Straits, seria, com certeza, a banda sonora perfeita”, garantem os irmãos à NiT. Não é preciso muito para perceber o motivo.
Aparentemente separados culturalmente, o Ocidente e o Oriente, têm mais em comum do que pensamos — pelo menos, assim garantem os dois. “A comida, o estar à volta de uma mesa, é universal”, dizem.
Certo é que as influências europeias na Argentina são imensas. O próprio ADN do chef Chakall têm influências do Velho Continente, originárias de países como Itália, Espanha, França e Suíça-alemã. A educação, de influência oriental, viria ainda na infância pela madrinha Virgínia (filha de portugueses) e Jorge (filho de pais libaneses). Já as especiarias do Oriente e as iguarias libanesas nos almoços de domingo começaram, depois, a moldar a multiculturalidade do então futuro chef.
No prato e no léxico entrariam, então, pratos com sabores distintos como o kebbi nia, o fatoush, o húmus, o babaganoush, o tabouleh ou o pão pita. No West 23 by Chakall, os clientes reúnem-se à mesa como uma grande família. “As entradas celebram a alegria da partilha, numa mesa rodeada de amigos que celebram o presente da vida, com os melhores ingredientes e sabores de vários continentes, culturas e gastronomias distintas que se unem aqui, no Oeste.”
A refeição continua, quase como uma viagem, com um forte destaque para o fogo, “elemento basilar das cozinhas ancestrais e também central na gastronomia argentina, com as carnes como protagonistas”. E, porque estamos numa mesa com vista para o mar, o peixe só podia ter também lugar cativo.
Sobre a panorâmica do espaço, há pouco para dizer e muito para ver. O restaurante tem umas vidraças enormes e um espaço exterior que conta até com piscina. “Temos um bar central com vista para toda a sala e um lounge onde as pessoas podem conversar ou tomar um drink. Quisemos criar um espaço com a atenção centrada em quem nos visita.”
“E fica tão perto de Lisboa. Não esquecer a nossa mesa amiguera, com capacidade para 16 pessoas, ideal para almoços ou jantares de grupo. Na realidade, quisemos que o West 23 by Chakall fosse um espaço de celebração gastronómica num ambiente exclusivo, bonito, suave”, acrescenta logo a seguir o chef.
É caso para dizer que no West 23 by Chakall nada é deixado ao acaso. Nem mesmo o nome. Sobre esse, Silvina explica: “O restaurante está localizado no lote 23, do Empreendimento Heights 3 – Club House. Daí a escolha. Mas não foi só por isso. 23 é um número que se reveste de significados únicos como perseverança, coragem e determinação. Simboliza valores como a liberdade e a criatividade. E isso não nos falta nas veias.” Um número cheio de significado e de uma energia incrível, agora com porta aberta para sabores únicos e um caminho para uma viagem memorável.
A seguir, carregue na galeria para conhecer o novo restaurante da Lourinhã, com cerca de 60 lugares. Um que se pretende que se torne uma referência e um sucesso.