Restaurantes

Chef Guram regressa ao País com o novo restaurante georgiano no Bairro Alto

O Karater fica na antiga leitaria do bairro e aposta num menu original, com croquetes de feijão-vermelho ou vaca guisada com nozes.
Um ambiente acolhedor.

Quando estava a passar férias em Albufeira em 2016, Pedro Carvalho conheceu o chef georgiano Guram, através de amigos em comum. Na altura, o engenheiro alimentar tornou-se rapidamente amigo do chef e foi convidado para emigrar para a Georgia, onde, dois anos depois, abriram juntos o primeiro restaurante: o Chveni Restaurant em Tiblissi. Agora, os dois amigos regressaram a Portugal para inaugurarem, a 31 de outubro, o Karater Georgian Bistro que traz a comida georgiana até ao Bairro Alto, em Lisboa.

Pedro sempre teve um espírito empreendedor na área da restauração. Aliás, esta mentalidade foi mais uma herança. O seu avô, António Carvalho, fundou o Restaurante Brazão há cerca de 40 anos. Por tudo isto, assim que recebeu o convite do chef georgiano, não hesitou em mudar de país. 

“Mudei-me para fazer parte daquele projeto. De início foi complicado adaptar-me à cultura, se bem que até existiam coisas semelhantes à portuguesa. Lá também há muita paixão por partilhar a comida e receber bem os clientes”, começa por contar Pedro Carvalho à NiT.

O sucesso foi imediato. Em pouco tempo, além daquele restaurante, abriram outros dois espaços na Geórgia. Contudo, Guram Baghdoshvili tinha sempre em mente voltar para Portugal. O chef de 50 anos viveu durante duas décadas no nosso País e mantinha o sonho de homenagear as raízes na terra que o acolheu.

A oportunidade nasceu no verão, quando juntos foram passar uns dias a Lisboa. Em junho, começaram a procurar espaços que pudessem receber o tal conceito que sempre tinham imaginado. Após uma busca incessante, lá encontraram um imóvel abandonado há mais de 30 anos no Bairro Alto.

“O chef é muito curioso. Como a porta estava semi-aberta tivemos de ir espreitar. A decoração com muitos traços dos anos 80 conquistou-o e o negócio foi feito logo no dia seguinte. Descobrimos que era uma antiga leitaria chamada Flor de Branca”, relembra Pedro, de 32 anos.

As obras começaram logo no mês seguinte. Apesar de ser originalmente conhecido como uma leitaria, o espaço esteve a funcionar durante anos como uma taberna, por isso parte dos utensílios históricos foram reaproveitados.

“O espaço onde agora temos a cozinha antes era um salão de jogos com duas mesas de matraquilhos. Acabámos por guardá-las. Há muitos clientes que recordam a infância que ali passaram”, conta o sócio.

O Karater está localizado na rua Diário de Notícias, tem cerca de 60 metros quadrados e 30 lugares sentados. Além da oferta gastronómica, o destaque vai para a decoração. Os armários, onde há mais de trinta anos estava guardada a aguardente e o anis, agora acolhem os vinhos georgianos, por exemplo. Também o chão com loiça antiga em preto e branco foi mantido.

“Mandámos arranjar uma máquina de café com 40 anos e também guardámos uma máquina registadora da época. Colocamos também uma máquina onde faziam o café filtrado para retratar mesmo a época”, conta.

O conceito gira em torno da gastronomia georgiana, assim como o nome do espaço, que é uma homenagem ao carácter de Guram Baghdoshvili, segundo o seu amigo. Além do nome, o restaurante é descrito como uma “verdadeira viagem até à cozinha tradicional da Geórgia”.

O menu foi pensado ao detalhe e tem vários momentos. Logo na entrada pode experimentar requeijão fresco com hortelã confitado com abóbora (12€), chips de cogumelo com vinagre (8€) ou pão georgiano com manteiga temperada com ervas dos alpes e paté de fígado com ameixa seca (5€).

Na parte dos pratos quentes vai encontrar carne de vaca guisada em molho de nozes (17€), borrego ensopado com vinho branco de ânfora (15€) ou estufado de legumes com creme de nata fermentado (13€). Outra alternativa passa pela carne de vaca enrolada em folha de videira com molho de iogurte e alho (15€).

Para uma refeição mais leve, escolha a salada de frango com nozes e romã (15€) ou a versão de beringela crocante com tomate e vinagrete de mel de castanhas(10€). Como opção vegetariana existe a salada georgiana com ginga recheada com tomate coração de boi e molho de vinagre de ânfora (10€).

A influência portuguesa é especialmente visível nos croquetes. Existem as versões de franco com salsa e malagueta (10€), de feijão-vermelho e tártaro de picles (10€) e de queijo georgiano com molho de tomate (10€).

No final, vai encontrar sempre três sobremesas disponíveis. Uma delas é o bolo Napoleão, comum na gastronomia georgiana. É confecionado com múltiplas camadas finas de massa folhada (8€). Outra opção é o doce do chef com um merengue em massa folhada coberta por creme de baunilha e frutos vermelhos (7€). O bestseller é uma receita de família do chef Guram: o bolo de mel que possui também várias camadas ligadas entre si com um creme suave do próprio mel (8€).

A carta é acompanhada por 25 referências de vinhos produzidos apenas na Geórgia. As opções passam pelo branco e tinto, desde os secos até aos semi-doces, e são vendidas a copo (a partir dos 7€) e a garrafa (entre 27€ a 50€).

“Os nossos vinhos são de talha e produzidos com uma técnica secular chamada qvevri. O vinho é colocado num género de ânfora, envolto de cera de mel, e que depois é colocado debaixo da terra. O mostro da uva fica a maturar durante três meses, dependendo da região, e por isso acaba com uma cor mais alaranjada”, explica Pedro.

Se preferir uma experiência diferente, opte pelos cocktails inspirados igualmente na história da Geórgia. O Karater, por exemplo, tem como base a romã, com uma infusão de gin e vinho do Porto (10€).

Carregue na galeria para ver algumas imagens do espaço e dos pratos servidos.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua Diário de Notícias, 63-65


    1200-365  Lisboa
  • HORÁRIO
  • De segunda-feira a quinta-feira das 16h00 às 2h
  • De sexta-feira a domingo das 12h às 2h
  • REDES SOCIAIS
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Georgiana

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