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Chef brasileiro recusa-se a cozinhar para o príncipe William

O cozinheiro Saulo Jennings rejeitou o convite para participar Earthshot Prize por ser obrigado a criar um menu cem por cento vegan.

Saulo Jennings, chef brasileiro, está no centro das atenções depois de recusar um convite de peso. O cozinheiro foi convidado para preparar o jantar do Earthshot Prize 2025, prémio ambiental promovido pelo príncipe William, mas rejeitou a proposta devido a uma exigência específica: o menu teria de ser 100 por cento vegan.

O evento realiza-se no Rio de Janeiro, a 5 de novembro. Seria a estreia do chef na cerimónia britânica, mas não a sua primeira experiência com a realeza, já que em 2023, foi responsável por um jantar servido ao rei Carlos III.

Apesar da recusa, Jennings garante que não tem qualquer problema em cozinhar pratos vegans. “A questão não tem a ver com não querer cozinhar comida vegan. É sobre a valorização do ingrediente brasileiro, inclusive agora, que estamos na época da COP. Se existe uma preferência por pratos sem carne, poderíamos fazer, por exemplo, um menu 80 por cento vegan, mas dando espaço à comida brasileira. Tem que ter um peixe, estamos no Brasil”, disse ao jornal “Folha de S. Paulo”.

Foi essa a base da negociação que tentou manter com a organização, a de incluir, pelo menos, uma pequena percentagem de peixe no alinhamento do menu. O objetivo era não comprometer a identidade da gastronomia amazónica, que o chef tem promovido internacionalmente.

“Sou o primeiro embaixador da ONU que representa a comida amazónica, tenho a missão de levar a nossa comida para outros países”, sublinha.

Entre os pratos já servidos por Saulo Jennings ao rei britânico, contam-se o arroz de pato com tucupi e peixe com musseline de mandioca. A recusa ao evento de novembro prende-se, segundo o chef, com o que entende como um bloqueio cultural.

“Não acredito que todos os 700 sejam vegans. Acho que existe um preconceito com a comida brasileira. As pessoas ficam: ‘será que me vou assustar? Será que são animais selvagens?’. Não é a primeira vez que isto acontece, que pessoas de outros países ficam com receio e acabam por pedir para restringir, para servir só snacks e coisas assim”, contou.

Com a sua saída, o jantar do “Earthshot Prize” ficará a cargo da chef Tati Lund.

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