Miraflores: o novo paraíso do ceviche nasceu na Costa da Caparica

Todos os dias, Jesus Lepe e a sua equipa levantam-se de madrugada para visitar as lotas da Margem Sul. Procuram o peixe mais fresco, absolutamente essencial para preparar os ceviches do Miraflores, o novo restaurante da Costa da Caparica que abriu a 17 de maio.

A ideia nasceu há vários anos, quando o chef chileno se juntou ao francês Antoine Biehler e ao DJ Mauricio Barembuen. Queriam criar um espaço junto à praia com a “comida mais típica da América do Sul”. A escolha recaiu sobre a Caparica, pela proximidade ao mar e abundância da matéria-prima essencial: o peixe.

Os três conheceram-se em Portugal, há quatro anos, pouco depois de Jesus ter deixado Hong Kong e se ter mudado para Lisboa com a família. “Trabalhei durante muito tempo em Londres, onde me consolidei como chef e conheci a minha mulher. Mudámo-nos depois para o Japão, onde a nossa filha nasceu. No entanto, há um par de anos percebemos que estava na altura de mudar de vida. Eu queria voltar para o Chile, mas a minha mulher não queria aventurar-se em algo tão longínquo. Acabámos por visitar uns amigos em Lisboa e percebemos que esta seria a nossa nova cidade”, conta à NiT.

O bom tempo, a segurança e a energia da cidade convenceram o casal a instalar-se definitivamente em Lisboa. Jesus trabalhou como consultor e chef privado e foi desafiado por um colega a abrir uma cevicheria. “Costumávamos juntar um grupo de amigos que vivem entre a Costa da Caparica e a Aroeira e eu preparava muitas vezes enchiladas e ceviches como se fazem no Peru. Eles ficavam loucos e decidimos abrir com outro nosso amigo um restaurante dedicado às especialidades”, explica.

As receitas peruanas inspiram os ceviches, as causas e os piscos sours. O nome do restaurante, que é igual ao de uma localidade de Oeiras, também tem raízes sul-americanas. “Um amigo meu lisboeta alertou-me que o nome que escolhemos podia gerar confusão e eu tenho explicado aos clientes que a origem está mesmo no Peru. É o nome de uma cidade costeira muito conhecida pelos ceviches”, justifica o chef. “Era fundamental conseguirmos abrir o restaurante aqui, porque as lotas estão cheias de peixe fresco e maravilhoso. Só fazia sentido se conseguíssemos garantir produto de qualidade e aqui é possível.”

O peixe fresco é a base dos ceviches, que variam conforme a disponibilidade. O clássico (12€) leva lima, cebola roxa e ají; e o carretillero (14€) junta leite de tigre, picante de rocoto e lulas fritas. A sanduíche de carapau (10€), recheada com peixe frito e servida com batatas fritas, é uma das especialidades mais pedidas pelos clientes.

Parte essencial da carta, as causas são um prato tradicional da culinária peruana, feito com camadas de puré de batata e recheadas com diversos ingredientes como frango, atum, abacate, entre outros. A acevichada (14€) combina puré de batata temperado com lima e ají amarillo, abacate, maionese e ceviche carretillero. Já a de camarão (15€) troca a cobertura por camarões. Para quem procura algo mais leve, há duas saladas: uma de quinoa com beringela assada, endro, hortelã e frutos secos (6€), e outra de beringela fumada com iogurte, tahini e romã (6€).

Entre as sobremesas, há opções bem doces como o bolo de chocolate (5€), o tradicional tres leches (3,50€) e o alfajore recheado com doce de leite (2,50€). Nos cocktails, destacam-se o margarita (7€), o mezcal (4€), o gin tónico japonês (10€) e, claro, os pisco sours. Já os vinhos são todos portugueses, a copo (desde 4€) ou à garrafa (desde 15€).

O restaurante tem capacidade para 20 pessoas no interior e 15 na esplanada. Um dos maiores sucessos desde a abertura tem sido as empanadas criollas (2,90€), recheadas com uma mistura típica peruana — cuja receita permanece secreta. “O nosso objetivo é dar a conhecer a cultura sul-americana tal como ela é, com os pratos mais típicos”, conclui Jesus Lepe.