Há 12 anos Manuel Castro, cansou-se do fine dining e disse adeus à cozinha do Belcanto. E fê-lo para se dedicar aos improváveis croquetes. Em bom tempo o fez: o negócio arrancou no Mercado da Ribeira em 2014; dez anos depois, em 2024, atingiram o marco histórico de um milhão de croquetes vendidos. O sucesso fez com que quisesse regressar onde tudo começou e abrir uma loja no bairro que o viu nascer, Alvalade. A nova Croqueteria foi inaugurada no início de janeiro.
Como é que tudo começa? Três amigos juntaram-se num bar e após alguns copos, chegaram à conclusão que os novos spots terminavam todos da mesma maneira: gelataria, hamburgueria, padaria. “Um dia alguém abre uma croqueteria”, atirou um. Riram-se e rapidamente esqueceram a conversa. Pelo menos assim pareceu.
Uns dias mais tarde, Manuel Castro reuniu-se novamente com o grupo e a croqueteria foi novamente tema de conversa, agora mais a sério. Decidiram começar a testar novas versões do salgado. O cozinheiro, que na altura trabalhava com o chef José Avillez começou a usar todas as folgas e férias para experimentar diferentes receitas até chegar ao “sabor perfeito”. Agarrou na receita da bisavó, que a mãe também fazia em casa, e tentou aprimorá-la só para ficar “um pouco mais cremosa”.
Aprovada pelos amigos e familiares, começaram a aceitar encomendas, tudo num ambiente informal. Só que ao fim de alguns meses, já não tinham mãos para as encomendas. “Transformei a cozinha dos meus pais, em Alvalade, num pequeno centro de produção de salgados. A experiência durou cerca de um ano porque, entretanto, abriu um concurso para uma pequena banca no Mercado da Ribeira e nós concorremos. Superámos as várias etapas e o júri decidiu dar-nos a concessão”, conta o cozinheiro, formado em produção alimentar pela Escola de Hotelaria do Estoril.

A pandemia revelou-se uma enorme oportunidade para a Croqueteria, ao permitir a mudança para uma loja maior, no centro do mercado. “Desde então os volumes e as vendas cresceram sem igual”, admite o chef de 38 anos. Passados cinco anos, nova expansão para uma segunda loja, em Alvalade.
A localização era inegociável para este espaço. Manuel Cruz queria voltar ao bairro onde cresceu e onde a Croqueteria nasceu. No início do ano abriu o espaço com capacidade para receber 20 clientes no interior e 16 na esplanada. Os salgados continuam a ser os protagonistas.
“O nosso mote sempre foi criar croquetes de alta qualidade, para todos os gostos, preparados de forma saudável no forno. O tradicional foi baseado na receita da minha bisavó, ou seja, com mais de 100 anos e os outros foram surgindo. Alguns estão disponíveis apenas em festividades especiais e outros durante todo o ano”, explica o dono.
O mais vendido continua a ser o tradicional, de carne de vaca e porco. Só no novo espaço vendem-se cerca de 500 por dia, numa média de 3500 por semana. Logo a seguir surgem os de alheira de caça com grelos (1,80€) e os de borrego (1,80€), alguns dos preferidos antes do vegetariano com queijo de cabra, o de choco com tinta, ou o de cozido à portuguesa (1,80€), em que cozem todas as carnes e depois as desfiam para fazer o croquete.
Os mais indecisos podem pedir um dos três menus, o Galhofa (12€), o Bitaite (9€) e o Parlapié (6€), que combinam até três sabores de croquetes com acompanhamentos como salada mista, sopa, esparregado ou arroz thai, bebidas ou outra das especialidades da casa: as sanduíches. “Criamos sandes de croquetes, com buns de azeite The Millstone Sourdoug. São únicas”, diz Manuel Castro.
“A sobremesa está a cargo dos nossos amigos O Lisboeta. A única diferença, que é bem conveniente, é o espaço self-service da nova loja de Alvalade que foi criado para promover a oferta take-away de croquetes, que podem depois ser preparados no forno de casa de forma rápida e saudável”, adianta. Cada embalagem com meia dúzia de salgados fica por 9€.
